Perito afirma que tiros que mataram ex-vereador de Anastácio ocorreram quando ele estava ‘lateralizado’

Consta ainda no laudo que distância entre a arma de fogo e o corpo da vítima era demais de 80 centímetros

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Wander Alves, conhecido como Dinho Vital (Foto: Reprodução/Redes sociais)

Laudo da Perícia, ao qual o Jornal Midiamax teve acesso, confirma que os tiros que mataram o ex-vereador Dinho Vital, de Anastácio, ocorreram ‘parcialmente lateralizados’, ou seja de lado e não totalmente de costas.

Assim, conforme consta no documento, o disparo que matou o ex-vereador teve entrada na região posterolateral, ou seja, de trás para frente, parcialmente lateralizado, transfixando o tórax da direita para a esquerda e saindo na região anterolateral esquerda. Esse tiro perfurou órgãos torácicos nobres (lobo pulmonar inferior e coração).

Já o segundo disparo também ocorreu parcialmente lateralizado, porém de frente para trás transfixando o abdome.

Ainda no laudo o perito confirma que os disparos ocorreram por no mínimo 80 centímetros de distância da arma ao corpo da vítima.

No entanto, o que moradores de Anastácio afirmam que é Dinho teria sido vítima de uma execução.

À esquerda, Douglas Figueiredo em festa e à direita Dinho Vital durante discussão (Foto: Reprodução)

Depoimentos contam outra versão

Inicialmente os depoimentos dos policiais apenas indicavam uma abordagem a Dinho após a briga na festa e os disparos, supostamente para desarmar o ex-vereador. Na Corregedoria da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), a versão mudou.

Valdeci Alexandre da Silva Ricardo confirmou que é amigo de Douglas, ex-prefeito de Anastácio e pré-candidato pelo PSDB, com quem Dinho teve uma briga na festa de aniversário da cidade.

Então, relatou que estava na festa como convidado quando houve a briga e Dinho chegou a bater em uma pessoa. Com isso o ex-vereador foi embora e em seguida também o ex-prefeito, o prefeito da cidade e outras testemunhas.

No entanto, Dinho teria retornado e pessoas da festa começaram a falar que havia uma pessoa armada na entrada da chácara onde ocorria o evento. Valdeci afirmou que foi com Bruno verificar o que ocorria, de carro.

Assim, viram o veículo parado nas margens da estrada e pararam atrás. Dinho estava na parte traseira do veículo e teria ido para o lado, onde se agachou. Então, Valdeci alega que neste momento percebeu o ex-vereador pegando uma arma de fogo.

Os policiais teriam dito “polícia, polícia”, mas segundo eles Dinho foi para cima do veículo com a arma em mãos, quando os militares fizeram os disparos. Dinho ainda correu para a parte da frente do carro para fugir dos tiros, onde foi depois encontrado caído e já sem vida.

A princípio não há registro de que disparo tenha sido feito por Dinho. No registro policial na delegacia não há relato de que os militares pararam com o carro atrás do ex-vereador, nem de que ele teria ido para a parte da frente do veículo.

O que o registro diz é que Dinho teria ido ‘para trás’ do carro. Também no boletim de ocorrência o relato era de que quando os policiais chegaram Dinho já estava fora do carro e armado, quando foi feita a abordagem, não que ele se abaixou e então pegou a arma.

Já Bruno Cesar Malheiros dos Santos conta que estava na festa como convidado, mas também trabalhando como técnico de som para a dupla de amigos que cantou no evento. O resto da versão condiz com o relatado por Valdeci.

Porém, Bruno alega que não é amigo de Douglas. Ele também conta que fez o primeiro disparo após ouvir o barulho de um tiro, mas não disse se esse tiro era de Dinho ou do amigo, Valdeci.

Os dois militares confirmaram que beberam na festa e negaram que faziam segurança para Douglas, o que era dito por moradores da cidade. Testemunhas também negaram a informação do serviço de segurança particular.  

Presos na operação

O sargento Valdeci Alexandre da Silva Ricardo e o cabo Bruno Cesar Malheiros dos Santos foram presos temporariamente nesta sexta-feira (17). Além dos policiais, o pré-candidato do PSDB, Douglas Figueiredo, foi preso em flagrante com armamento em casa.

Equipes do Gaeco cumpriram mandados na cidade, que fica a 135 quilômetros de Campo Grande, na operação que investiga a morte de Dinho Vital, ocorrida no último dia 8.

Em contato com o Jornal Midiamax, o advogado de defesa dos policiais, Lucas Rocha, confirmou que os militares se apresentaram espontaneamente. Contra eles havia mandados de prisão temporária.

“Os Policiais Militares apresentaram-se espontaneamente para cumprimento dos mandados de prisões temporárias, pois acreditam e confiam fielmente no Poder Judiciário, e tão breve será elucidado o ocorrido, e assim confirmada as versões dos mesmos, que agiram no estrito cumprimento do dever legal e em clara legítima defesa”, explicou o advogado.

Assim, os militares teriam sido encaminhados para a Corregedoria.

Prisão de pré-candidato do PSDB

O pré-candidato do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), Douglas Melo Figueiredo, foi preso pelos crimes de posse irregular de arma de fogo de uso permitido e posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, na manhã desta sexta-feira (17).

Quando os agentes cumpriram os mandados de busca e apreensão, encontraram duas carabinas, uma de calibre .38 e outra .22, sem numeração e marca aparente. Além de uma pistola 9mm, com um carregador e 14 munições.

Após a prisão, o político foi levado para a Delegacia de Polícia Civil de Anastácio, onde prestou depoimento e alegou que as armas apreendidas em móveis dentro de casa eram do pai dele – falecido no ano passado –, que morava em uma chácara com a esposa, e tinha o armamento há muitos anos.

A delegada que realizou o flagrante não arbitrou fiança para Douglas, que permanece detido.

Policiais foram afastados

Conforme o advogado, os policiais passaram pelo setor psicológico da PMMS e por estarem abalados acabaram afastados.

Ainda de acordo com Rocha, os militares se colocaram à disposição do Ministério Público de Anastácio, também do Gacep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial) do MPMS, e da Polícia Civil de Anastácio para esclarecimentos.

Assim, os policiais foram ouvidos na Corregedoria, que abriu um inquérito para apurar a ação dos militares.

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