Juiz prevê duração de 12 horas no primeiro dia de júri sobre a morte de Sophia
Júri popular deve encerrar somente na noite de quinta-feira (5)
Mirian Machado, Lívia Bezerra –
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O Juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, prevê que esta quarta-feira (4) deve ter 12 horas de julgamento Stephanie de Jesus da Silva e Christian Campoçano Leitheim – mãe e padrasto acusados pela morte de Sophia Ocampo, de 2 anos. O júri popular terá dois dias de duração.
Neste primeiro dia, o julgamento começou às 8 horas da manhã no Fórum de Campo Grande, onde três testemunhas foram ouvidas pelos jurados. Até o momento, foram ouvidos o investigador Babington Roberto Vieira da Costa, Cybelle Amaral Pires – amiga e madrinha de Sophia – e o médico legista Fabrício Sampaio, que fez a autópsia no corpo da pequena.
“Temos ainda uma jornada grande na parte da tarde. Eu acredito que por volta das 19 horas, até as 20 horas da noite, deve encerrar com os depoimentos deles (mãe e padrasto)”, falou o juiz à reportagem do Jornal Midiamax.
Com os depoimentos de todas as testemunhas e o interrogatório dos réus ainda nesta quarta (4), a previsão é de que na quinta-feira (5) ocorram os debates entre as defesas de Stephanie e Christian e da promotoria do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).
Três mulheres e quatro homens fazem parte do Conselho de Sentença que dará o veredito a Stephanie e a Christian.
Médico disse em júri que Sophia havia sido estuprada 21 dias antes do crime
O médico legista, Fabrício Sampaio, que fez a autópsia no corpo da pequena Sophia Ocampo, disse durante o julgamento da mãe e padrasto da criança, que a menina havia sido estuprada pelo menos 21 dias antes do crime.
“Não resta dúvida que Sophia chegou à UPA já morta”, disse o médico legista, Fabrício Sampaio. Sobre a cabeça da menina virar quase 360º, o médico relatou que poderia ter sido provocado por um soco, porém em alguns casos pode ser provocado por uma queda. “Porém, o que observamos não é favorável a uma queda”, disse.
Sobre o estupro o médico legista falou que “É uma estrutura interna, algo muito difícil de ser rompida numa higiene. Nunca vi assadura e também não era questão da vermelhidão”, falou Fabricio. O padrasto de Sophia confessou ter dado um ‘cascudo’ na cabeça da enteada.
Levada 30 vezes para unidades de saúde
Foram 30 vezes que Sophia foi levada a uma unidade de saúde, sempre com algum machucado, passando mal, mas também sempre havia uma desculpa para a criança estar com aqueles roxos pelo corpo como: ter sido agredida pelo ‘irmão’ – filho de Christian – ou ter se machucado brincando.
Mas, o que foi descoberto depois deixou uma sociedade inteira horrorizada: Torturas, beliscões, xingamentos, gritos e até estupro. Nos dois anos em que Sophia viveu, ela foi agredida pelo padrasto. A mãe nega que sabia das agressões à filha, mas conversas recuperadas pelo Gaeco demonstram o contrário.
Nas conversas entre Stephanie e Christian, a mãe de Sophia combina com o companheiro a melhor forma de relatar os motivos para os machucados na menina. “Vamos dizer que caiu no parquinho.”, dizia uma das mensagens trocadas.
Em agosto de 2022, a mãe de Sophia questiona o marido sobre uma marca de mordida no braço da menina, e ele responde: “sabe que não controlo a mordida, ela é macia demais”.
No dia 16 de novembro, em mais uma mensagem enviada do padrasto da menina para a mãe de Sophia, ele fala que deu uma surra na criança, e que percebeu que ela ficou com um galo na cabeça e estava com a boca sangrando.
A perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni, em 2008, teria apontado que a menina foi abusada várias vezes. “A violência sexual foi claramente identificada pelo rompimento de hímen, a heperemia em partes da vagina e esquimoses na face interna das coxas, e o rompimento do hímen já estava cicatrizado, portanto, fora realizado em data anterior da morte da vítima”, diz parte da análise.
Os dois ainda teriam sido denunciados por tortura contra Sophia quando ela teve a perna quebrada a chutes por Christian. A cena foi presenciada pelo filho do autor que prestou depoimento falando sobre o episódio. “Foi meu pai, meu pai que chutou ela pra rua, chutou ela duas vezes, aí deixou ela machucada.
A menina tinha um trauma na coluna vertebral, o que na época foi dito pelo médico legista, que uma força muito grande pode ter feito com que o pescoço tenha girado em 360º e poderia ter causado a morte instantânea de Sophia.
Assassinato de Sophia
Sophia morreu em janeiro de 2023, após passar por várias internações. Assim, as investigações mostraram que a mãe levou a menina até uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida. A mulher chegou ao local sozinha e informou o marido sobre o óbito.
Além disso, a polícia identificou indícios de estupro na vítima. Ainda durante as investigações, uma testemunha contou que após receber a informação sobre a morte de Sophia, o padrasto teria dito a frase: “minha culpa”.
Também uma das contradições apontadas na investigação é o fato da mãe dizer que antes de levar a filha para atendimento médico, a menina teria tomado iogurte e ido ao banheiro.
Essa versão é contestada pelo médico legista, que garantiu que com o trauma apresentado nos exames, a criança não teria condições de ir ao banheiro ou se alimentar sozinha.
Por fim, a autópsia apontou que Sophia pode ter agonizando por até seis horas antes de morrer. Após o início das investigações, a polícia prendeu o padrasto e a mãe da menina. Eles seguem presos.
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