Claudio Barbosa, conhecido como ‘Faraó do Bitcoins’, que estava foragido há 1 ano e meio de Mato Grosso do Sul foi preso em Santa Catarina, na praia de Jurerê. Ele é apontado pela Polícia Federal como integrante de um grupo que provocou prejuízo de R$ 4,1 bilhões em esquema de pirâmide com criptomoedas. 

O esquema, conforme a PF, envolvia o uso massivo de redes sociais, marketing, reuniões, instituições de líderes arregimentados e até o uso de uma instituição religiosa pertencente a um dos investigados.

O  ‘Faraó do Bitcoins’ levava uma vida de luxo em Santa Catarina. Quando foi preso, na terça-feira (28), Claudio estava em um carro Audi, em Jurerê, quando a Polícia Militar o encontrou e descobriu que ele tinha um mandado de prisão em aberto, segundo NSC Total. 

A advogada Talesca Campara de Souza, disse que o cliente passou por audiência de custódia e segue em território catarinense enquanto aguarda análise do pedido de soltura feito pela defesa. 

Apreensão de esmeraldas antecedeu a La Casa de Papel

As pedras preciosas apreendidas pela PRF não tinham comprovante de recolhimento de ICMS ou mesmo a concessão de lavra – autorização para extração. Os suspeitos ainda tinham equipamentos ilegais de radiocomunicação nos veículos.

Então, o juiz Vitor Figueiredo de Oliveira, plantonista da Vara Federal de Ponta Porã, já apontara observações do Ministério Público Federal. Elas abordaram suspeitas sobre um réu por conta de transações com bitcoins – as quais, naquele instante, apontara como lícitas e insuficientes para a prorrogação das prisões.

Assim, os três presos foram postos em liberdade, tendo de obedecer a medidas cautelares. No mesmo processo, o MPF apontara elementos que sugeriam “possível branqueamento de capitais”.

A prática envolveria uma empresa de fachada e a prática de lavagem de capitais. Com isso, o caso acabou na 3ª Vara Federal de Campo Grande, especializada nesse tipo de processo penal.

Ali, em outubro de 2021, o juiz Bruno Cezar Teixeira também autorizou quebras de sigilos telefônicos de investigados. Com o avanço das investigações da La Casa de Papel, chegou-se a um suposto esquema de pirâmide financeira.

O crime captou recursos de mais de 1,3 milhão de pessoas em mais de 80 países desde 2019, em um prejuízo estimado em mais de R$ 4,1 bilhões.

La Casa de Papel apurou pirâmide financeira

O esquema, conforme a PF, envolvia o uso massivo de redes sociais, marketing, reuniões, instituições de líderes arregimentados e até o uso de uma instituição religiosa pertencente a um dos investigados.

A estrutura ajudava na captação de recursos para o que seria um golpe, embalado em pacotes de investimentos ou aportes financeiros. Estes iam de US$ 15 a até US$ 100 mil, em troca de ganhos diários em percentuais altíssimos (chegando a 20% ao mês e 300% por ano).

Traders” seriam os responsáveis por multiplicar o capital investido e instigar quem já participava do esquema a chamar novos investidores. Isso mediante ganhos percentuais sobre os valores aplicados pelos futuros parceiros – em um sistema chamado de “binário”, mas que, na prática, funciona como uma pirâmide.

Com o tempo, foram incorporados ao esquema investimentos vindos de minas, do mercado de vinhos, viagens e usinas de energia solar e reciclagem, entre outros. Em paralelo, ostentavam para os seguidores nas redes sociais seu “sucesso pessoal”, por meio de viagens internacionais.

O grupo, então, lançou duas criptomoedas próprias no fim de 2021, sem que elas tivessem algum lastro financeiro. Segundo a PF, os suspeitos manipularam o mercado para valorizar uma delas automaticamente, chegando a 5.500% em 15 horas e 38.000 dias depois.

Essas moedas virtuais foram usadas também para pagar investidores. Contudo, depois da alta meteórica, elas perderam todo o valor de mercado, levando à queda quase que completa da liquidez.

A La Casa de Papel foi às ruas em 19 de outubro de 2022. Foram expedidos 6 mandados de prisão preventiva contra os líderes da organização criminosa e 41 de busca e apreensão no Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás, Maranhão e Santa Catarina.

Foram bloqueados valores em contas bancárias, imóveis de alto padrão, gado e ovelhas, veículos de luxo, ouro, joias, artigos de luxo, lanchas e criptoativos, bem como uma mina de esmeraldas. Na operação, ganhou notoriedade a prisão do empresário e cantor Patrick Abrahão. Casado com a cantora Perlla, ele foi detido em um condomínio de luxo no Rio de Janeiro.