Pouco mais de duas horas após o exame de DNA comprovar que o homem encontrado morto carbonizado dentro de um carro era Jonathan de Souza, o homem foi enterrado como indigente. Desesperada, sem respostas e com o desejo de um sepultamento digno para Jonathan, a família busca a Justiça.

Conforme relato da irmã da vítima, foram mais de 90 dias de espera da confirmação do DNA para que, enfim, os familiares pudessem saber se o corpo era de Jonathan. “Não foi a família que deixou lá, que não fez questão. Pelo contrário, a gente passou mais de 90 dias esperando o resultado. Para o resultado vir no dia 21 com assinatura do dia 6 de junho e simplesmente eles já terem enterrado meu irmão”, diz a irmã de Jonathan, revoltada.

O corpo foi encontrado carbonizado no dia 16 de março na região do bairro Los Angeles, em Campo Grande. Posteriormente, a família de Jhonatan recebeu uma ligação anônima dizendo que o corpo era de Jhonatan. Após isso, a mãe dele procurou o Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) e foi realizado o exame de DNA. Após o exame, os familiares ficaram dois meses e meio sem respostas. 

Na última sexta-feira (21), às 11h40 a Polícia Civil entrou em contato com a irmã de Jonathan informando que o resultado do exame estava pronto. Às 12:06, outra mensagem foi enviada com a requisição para o Imol.

Às 14h26 da tarde, foi enviada uma terceira mensagem informando que o exame e os papéis para liberação do corpo foram entregues ao Imol. Em seguida, a irmã foi ao Imol e informada de que o corpo foi enterrado às 14 horas no Cemitério Santo Amaro. 

Ela questionou sobre terem enterrado sem o resultado do exame de DNA e eles alegaram, segundo ela, que enterraram por falta de informação e de comunicação por parte da polícia. A familiar saiu do Imol e foi ao cemitério e lá, recebeu a informação de que é necessário esperar 5 anos para fazer exumação do corpo e poder identificá-lo, ou fazer qualquer cerimônia.

“Meu irmão foi colocado em um buraco, como se fosse um nada, como se não tivesse família, mas ele tem. Isso é muito cruel com a gente. Minha mãe não pôde enterrar o próprio filho e agora vai ter que esperar 5 anos”, disse chorando à reportagem do Jornal Midiamax.

(Arquivo Pessoal)

Agora, a irmã de Jonathan afirma que pretende entrar com ação judicial para que a certidão de óbito seja alterada e que o irmão tenha uma despedida digna.

“A gente vai entrar na justiça para poder fazer essa mudança na certidão de óbito, vamos entrar com alvará para pedir o translado. Quantas mais famílias terão que passar por isso? Quantas mães, filhos, pais? Hoje foi com meu irmão, mas e amanhã? Quantas pessoas passam a vida toda procurando pelo seu ente querido e quem garante que não foi enterrado como indigente?”, desabafa.

Longa espera

À reportagem do Jornal Midiamax Vanuza de Souza, de 47 anos, conta que viu o filho pela última vez quando ele fez uma visita para ela, no dia 13 de março. Um dia depois, ela recebeu uma mensagem de Jonathan, dizendo que precisava falar com ela. Depois disso, não conseguiu mais contato.

“Ele esteve comigo no dia 13 de março e foi embora à noite. No dia seguinte, vi que tinha recebido uma mensagem dele dizendo que precisava falar comigo, mas depois disso não consegui mais contato. No dia 16 apareceu esse corpo carbonizado. Fui à delegacia e não constava nada sobre ele em delegacias, ou hospitais. Na noite de Páscoa minha filha recebeu uma ligação anônima dizendo que não era mais para procurar porque ele era o rapaz carbonizado dentro daquele carro encontrado no Los Angeles e que a pessoa que matou ele também estava morta”, relata.

Depois de receber a ligação, a família procurou o Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), contou sobre a ligação recebida e disse que queria comparar o DNA com o do corpo encontrado carbonizado.

Procurada pela reportagem do Jornal Midiamax acerca dos fatos, a Coordenadoria Geral de Perícias disse que será aberto um procedimento administrativo para investigar o caso. Confira a nota na íntegra:

“A Coordenadoria Geral de Perícias esclarece que: 

Cadáveres sem identificação e não reclamados por familiares, uma vez realizada a necropsia e procedimentos de coleta de materiais para futura identificação (datiloscópica, antropométrica, genética etc.), após 60 (sessenta) dias de armazenamento no IMOL, podem ser destinados à inumação (sepultamento) ou até mesmo doados a instituições de ensino para fins de estudos ou pesquisas científicas (Portaria “N” CGP/SEJUSP/Nº 2, de 26/03/2014, combinada com a Lei Federal N° 8.501, de 30 de novembro de 1992).

No caso em apreço, o exame necroscópico e os procedimentos de coleta de materiais para identificação foram realizados em 16/03/2024. Decorridos mais de 60 (sessenta) dias sem que o cadáver tenha sido reclamado, foi iniciado o processo para inumação, sendo que o corpo foi liberado para o serviço de traslado às 09h e 40 min do dia 21 de junho de 2024.

Em que pese o respeito a todo rito protocolar legal, informamos que esta Coordenadoria determinará a abertura de procedimento administrativo para buscar esclarecimentos e circunstâncias do fato.”

Corpo encontrado carbonizado

No dia 16 de março, um corpo foi encontrado carbonizado dentro do porta-malas de um carro ainda em chamas, em uma estrada vicinal, na região do Bairro Los Angeles, em Campo Grande.

Corpo foi encontrado no dia 16 de março, dentro de carro carbonizado (Foto: Alicce Rodrigues, arquivo Midiamax)

O Gol, vermelho, foi furtado cinco dias antes. As informações divulgadas um dia após o crime, indicavam que o veículo pertencia a um acadêmico de medicina, que havia estacionado em frente a universidade e quando saiu não encontrou o carro.

o veículo carbonizado foi entregue na Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos). Jás as investigações sobre o corpo carbonizado seguem na DHPP (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio e de Proteção à Pessoa).

O espaço permanece aberto para manifestações.

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