A defesa de Antônio Matheus de Souza Silva, de 23 anos, acusado de participar do furto do apartamento do ex-governador Reinaldo Azambuja, de onde foram levadas joias, relógios e R$ 30 mil em espécie, tentou, mais uma vez, a revogação da prisão preventiva do rapaz. A família do acusado também reclama que Antônio, que estava preso no Ptran (Presídio de Trânsito), foi transferido de unidade prisional sem aviso prévio. 

Os familiares do acusado afirmam que ele nunca veio para Mato Grosso do Sul e que Antônio teria um álibi para o dia em que o furto foi cometido. Contudo, as investigações da Polícia Civil apontam que ele teria ajudado na venda e recebimento do dinheiro da negociação das joias.

A defesa de Antônio, representada pelo advogado Paulo Tarso Campos de Oliveira, pediu pela liberdade do rapaz alegando ser réu primário e ter residência fixa. Porém, mesmo assim, teve por duas vezes o pedido de liberdade negado pelo desembargador Luiz Cláudio Bonassini da Silva, sendo o último no dia 21 de junho.

Nessa segunda-feira (1º), a defesa entrou com um novo pedido de habeas corpus, alegando que o furto no apartamento do ex-governador teria ocorrido no dia 8 de junho, mas que a vítima entrou no imóvel no dia seguinte, quando soube do furto e foi registrado o boletim de ocorrência. O advogado ainda apresentou imagens de câmeras de segurança para provar a ausência de Antônio naquele dia 8 e nos dias seguintes.

“De todo modo, para evidenciar que o Indiciado ANTONIO MATHEUS DE SOUZA jamais esteve fora de São Paulo e que não possui qualquer ligação com o crime em comento”, diz a defesa. 

“Motivo pelo qual reitera-se o pedido de revogação da prisão preventiva, ressaltando-se que, a única coisa que liga o Indiciado ao crime, foi o fato de estar dentro do veículo no dia da abordagem dos outros indiciados.”

A defesa ainda cita que no auto de apreensão e termos de declarações, nada de ilícito ou relacionado ao crime foi encontrado em posse de Antônio e que ele “sequer entrou no prédio onde apontaram como local de venda dos objetos, conforme imagens do elevador do referido prédio, local onde ocorreu a prisão”.

Além disso, a defesa reforça sobre os outros acusados terem inocentado Antônio do crime. “Evidenciando-se, assim, que os indícios de autoria apontados pela autoridade policial e Ilustre Membro do Ministério Público, não passam de suposições, sem qualquer embasamento no contexto fático”, finalizou.

A irmã de Antônio, Keli Souza, de 30 anos, microempresária em São Paulo, ainda reclama que o detento foi transferido do Ptran para a Gameleira 1, a ‘Supermáxima’, sem a família ser avisada. 

Ela relata que só soube da transferência na manhã desta terça-feira (2) quando o advogado realizou uma chamada por videoconferência com o detento e o mesmo não compareceu. “Eles apareceram avisando que a transferência havia sido feita na data de ontem a tarde”, disse Keli. 

Além disso, ela diz que foi informada que o irmão não poderá receber visitas por 30 dias.

O Jornal Midiamax entrou em contato com a Agepen (Agência Estadual de Administração Penitenciária) acerca dos fatos e foi informado que: “O interno foi transferido para a Penitenciária Masculina da Gameleira I. Transferências não são informadas antecipadamente por questões de segurança. A informação é feita durante a inclusão do interno na nova unidade”.

Antônio teria ajudado a vender joias furtadas de Reinaldo Azambuja, diz PCMS

Segundo a Polícia Civil, Antônio teria participação no grupo criminoso, o “acusado mencionado foi flagrado recebendo os valores da venda das joias furtadas no apartamento em Campo Grande, junto com os outros dois responsáveis, já identificados (inclusive confessos), pelo furto ora investigado. Sendo assim, o acusado é suspeito de pertencer a referida associação criminosa”, diz PCMS. De acordo com a polícia, o inquérito já foi relatado, mas as diligências continuam.

Contudo, segundo o relatório da Polícia Civil, o trio foi visto por volta das 14h30, dias depois do crime, na Rua Barão de Paranapiacaba, onde há um prédio em que são negociadas joias. Pelas imagens coletadas pela polícia de São Paulo, Davi e Italo entram no prédio de mãos vazias e Antônio fica na frente do prédio.

Momentos depois, a dupla sai do prédio e, em seguida, o trio acaba preso no carro alugado para cometer o furto em Campo Grande, com uma sacola, de cor verde, onde foram encontrados R$ 67 mil da venda das joias. A esposa do dono da loja afirmou que dois homens, sem dizer quem seriam os autores, teriam negociado com seu marido as joias, e que eles não negociavam relógios.

Ainda de acordo com a Polícia Civil, as imagens de câmeras apresentadas eventualmente pela defesa serão levadas em consideração, após verificar a sua real confiabilidade pelos exames periciais. Mas, mesmo com as imagens, não há isenção da participação de Antônio na associação, seja no levantamento de dados, seja na venda dos bens subtraídos da vítima a receptadores. 

Por fim, a polícia apontou que Antônio é investigado em São Paulo por furto qualificado em diversos outros inquéritos. A família nega que ele tenha passagens.  

Álibi e câmeras de segurança 

A família de Antônio Matheus de Souza Silva alega que ele é inocente e que nunca veio para Mato Grosso do Sul. Ele teria um álibi para o dia em que o furto foi cometido. Keli Souza, de 30 anos, microempresária em São Paulo, conversou com o Jornal Midiamax onde relatou que Antônio era amigo de infância de Ítalo e Davi e que não sabia do crime. No dia do furto, o irmão estava no condomínio onde mora, na Rua Vitória, no bairro Santa Efigênia. “Eu vi meu irmão antes da meia-noite neste dia quando ele estava indo para uma balada e antes de sair me entregou R$ 40, na portaria do prédio”, disse Keli.

O furto ocorreu no dia 8 de junho, mas só foi descoberto no dia seguinte, domingo (9), quando o ex-governador percebeu ao voltar para o apartamento e ver que a porta havia sido arrombada. Azambuja estava em Maracaju, no dia em que teve o apartamento invadido. Os criminosos usaram a escada de incêndio para entrar e sair do apartamento, não usando elevador para não serem identificados.

As imagens de câmeras de segurança mostram que no dia 8 de junho, às 14h08, Antônio sai na portaria do prédio onde mora, em São Paulo. Ele está de camiseta listrada de azul e short, quando volta às 19h50 para o prédio com as mesmas roupas. 

Por volta da meia-noite e 27 minutos, Antônio é flagrado novamente saindo pela portaria do prédio de camiseta, de cor preta e calça de cor cáqui para ir até uma balada no Tatuapé, segundo a irmã. Além das câmeras de segurança que mostram Antônio na portaria do prédio no dia do furto, ele passou a madrugada do dia 9 na companhia de uma ficante indo para a casa da jovem, que postou fotos nas redes sociais do casal na balada.  

“Ele passou a noite com a menina com quem foi para a balada, e não tinha como ele estar em dois lugares ao mesmo tempo”, disse Keli, que afirmou que no domingo (9), antes da mãe dos dois ir para o culto, viu Antônio no apartamento dormindo. Ainda segundo Keli, o irmão nunca veio para o Estado e o único lugar para onde viajou fora de São Paulo foi para o Nordeste, onde visitou os avós. Antônio é apontado como motorista da dupla que invadiu o apartamento de Azambuja, mas a irmã afirma que Antônio não sabe nem dirigir. “Ele não tem nem CNH e nunca pegou no volante de um carro”, disse. 

Keli ainda diz estranhar a rapidez com que o irmão foi transferido de São Paulo para Mato Grosso do Sul. “Nós estávamos atrás dele sem saber onde estava e só no dia 19 conseguimos notícias dele”, disse a microempresária. O trio foi preso no dia 10 de junho em São Paulo, por equipes do Garras que conseguiram rastrear o carro alugado, que foi usado para cometer o crime.

Imagens mostram Antônio no prédio onde mora em SP, no dia do furto ao apartamento em MS

Furto do apartamento

No inquérito que o Jornal Midiamax teve acesso sobre o furto do apartamento do ex-governador, é possível ver pelas imagens apreendidas pela polícia os outros dois acusados do crime saindo do prédio. Um deles está saindo falando ao celular, enquanto o outro passa logo depois com uma mala, onde estão as joias e relógios furtados de dentro do apartamento. Mas, Antônio não aparece nas imagens.

Ítalo e Davi saindo do prédio no dia do crime (Reprodução Processo)

Ainda pelas imagens apreendidas pela polícia, o carro alugado, um Citroën, de cor branca, é visto nas proximidades quando a dupla embarca no veículo. Do apartamento foram furtados: 1 relógio Bulova, um relógio Baume e Merzier; 1 Medalha da câmara dos deputados; 1 Medalha do mérito legislativo; 1 Medalha da república do Paraguai no grau de comendador; 1 caneta H. Stern; 1 medalha da Força Aérea Brasileira; 1 brinco redondo grande de ouro branco com uma pedra azul; 1 Anel de brilhante branco; 1 Brinco de brilhante de folha; 1 Anel grande de ouro branco, amarelo e brilhante; 1 Brinco brilhante de uma pedra.

Além de 1 Aliança de brilhante grande; 1 Jogo de pulseira e anel de brilhante; 1 Relógio de ouro branco e amarelo; alguns colares de pérola grandes e curtos; 2 anéis de ouro amarelo; 1 pulseira de ouro amarelo e uma corrente; 1 conjunto de corrente e pulseira grossa; 1 anel tipo chuveiro de brilhante; algumas bijuterias. Além destes objetos, identificou-se também que aproximadamente R$ 30 mil em espécie foram furtados. 

*Atualizada às 14h36 para acréscimo de posicionamento.