Psicólogo constatou que mãe de Sophia teria Síndrome de Estocolmo após três sessões com a ré

Depoimento do profissional ocorreu por videoconferência no Tribunal do Júri na tarde desta quarta-feira (4)

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Stephanie de Jesus da Silva, mãe de Sophia, durante o julgamento. (Foto: Madu Livramento, Jornal Midiamax)

A defesa de Stephanie de Jesus da Silva – mãe e uma das acusadas pela morte de Sophia Ocampo, de 2 anos – contratou um psicólogo de Ribeirão Preto (SP). No plenário, ele disse que, em pouco mais de 2 horas de sessão, constatou possibilidades da mulher ter Síndrome de Estocolmo.

Stephanie e Christian Campoçano Leitheim – na época padrasto de Sophia – enfrentam o júri popular desde o início da manhã desta quarta-feira (4), no Fórum de Campo Grande. O julgamento terá dois dias de duração.

E nesta tarde, uma das testemunhas arroladas pela defesa da mãe de Sophia foi o psicólogo forense Felipe Martins Pousada Gomez, que contou que realizou três entrevistas psicológicas com a acusada de 50 minutos cada, de forma telepresencial. O depoimento do profissional ocorreu por videoconferência no Tribunal do Júri.

“Em resumo, eu coloquei ali algumas hipóteses, então eu apresento algumas possibilidades, como transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade generalizada, episódios depressivos, além de observar sinais consistentes com a de Síndrome de Estocolmo, no contexto de um relacionamento abusivo”, disse aos jurados. 

Na última sexta-feira (29), quando faltavam cinco dias para o julgamento do casal, a defesa de Stephanie disse à reportagem do Jornal Midiamax que uma das estratégias que serão usadas durante o júri é a de que a mulher também era vítima do ciclo de violência por parte de Christian.

Médico disse em júri que Sophia havia sido estuprada 21 dias antes do crime

O médico legista, Fabrício Sampaio, que fez a autópsia no corpo da pequena Sophia Ocampo, disse durante o julgamento da mãe e padrasto da criança, que a menina havia sido estuprada pelo menos 21 dias antes do crime.

“Não resta dúvida que Sophia chegou à UPA já morta”, disse o médico legista, Fabrício Sampaio. Sobre a cabeça da menina virar quase 360º, o médico relatou que poderia ter sido provocado por um soco, porém em alguns casos pode ser provocado por uma queda. “Porém, o que observamos não é favorável a uma queda”, disse.

Sobre o estupro o médico legista falou que “É uma estrutura interna, algo muito difícil de ser rompida numa higiene. Nunca vi assadura e também não era questão da vermelhidão”, falou Fabricio. O padrasto de Sophia confessou ter dado um ‘cascudo’ na cabeça da enteada. 

(Madu Livramento, Jornal Midiamax)

Levada 30 vezes para unidades de saúde

Foram 30 vezes que Sophia foi levada a uma unidade de saúde, sempre com algum machucado, passando mal, mas também sempre havia uma desculpa para a criança estar com aqueles roxos pelo corpo como: ter sido agredida pelo ‘irmão’ – filho de Christian – ou ter se machucado brincando.

Mas, o que foi descoberto depois deixou uma sociedade inteira horrorizada: Torturas, beliscões, xingamentos, gritos e até estupro. Nos dois anos em que Sophia viveu, ela foi agredida pelo padrasto. A mãe nega que sabia das agressões à filha, mas conversas recuperadas  pelo Gaeco demonstram o contrário.

Nas conversas entre Stephanie e Christian, a mãe de Sophia combina com o companheiro a melhor forma de relatar os motivos para os machucados na menina. “Vamos dizer que caiu no parquinho.”, dizia uma das mensagens trocadas. 

Em agosto de 2022, a mãe de Sophia questiona o marido sobre uma marca de mordida no braço da menina, e ele responde: “sabe que não controlo a mordida, ela é macia demais”.

No dia 16 de novembro, em mais uma mensagem enviada do padrasto da menina para a mãe de Sophia, ele fala que deu uma surra na criança, e que percebeu que ela ficou com um galo na cabeça e estava com a boca sangrando. 

A perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni, em 2008, teria apontado que a menina foi abusada várias vezes. “A violência sexual foi claramente identificada pelo rompimento de hímen, a heperemia em partes da vagina e esquimoses na face interna das coxas, e o rompimento do hímen já estava cicatrizado, portanto, fora realizado em data anterior da morte da vítima”, diz parte da análise.

Os dois ainda teriam sido denunciados por tortura contra Sophia quando ela teve a perna quebrada a chutes por Christian. A cena foi presenciada pelo filho do autor que prestou depoimento falando sobre o episódio. “Foi meu pai, meu pai que chutou ela pra rua, chutou ela duas vezes, aí deixou ela machucada.

A menina tinha um trauma na coluna vertebral, o que na época foi dito pelo médico legista, que uma força muito grande pode ter feito com que o pescoço tenha girado em 360º e poderia ter causado a morte instantânea de Sophia.

Assassinato de Sophia

Sophia morreu em janeiro de 2023, após passar por várias internações. Assim, as investigações mostraram que a mãe levou a menina até uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida. A mulher chegou ao local sozinha e informou o marido sobre o óbito.

Além disso, a polícia identificou indícios de estupro na vítima. Ainda durante as investigações, uma testemunha contou que após receber a informação sobre a morte de Sophia, o padrasto teria dito a frase: “minha culpa”.

Também uma das contradições apontadas na investigação é o fato da mãe dizer que antes de levar a filha para atendimento médico, a menina teria tomado iogurte e ido ao banheiro.

Essa versão é contestada pelo médico legista, que garantiu que com o trauma apresentado nos exames, a criança não teria condições de ir ao banheiro ou se alimentar sozinha.

Por fim, a autópsia apontou que Sophia pode ter agonizando por até seis horas antes de morrer. Após o início das investigações, a polícia prendeu o padrasto e a mãe da menina. Eles seguem presos.

Sophia foi torturada e morta aos 2 anos. (Reprodução, Redes Sociais)

Conteúdos relacionados

grávida