O autódromo internacional de Campo Grande teve o certificado para eventos cassado na manhã desta segunda-feira (3), pouco mais de 24 horas após o acidente durante um evento clandestino que acabou na morte do motociclista Nicholas Yann Santos de Jesus, de 20 anos.

Além da cassação do certificado, o responsável foi multado em R$ 48 mil. Segundo apurado pelo Jornal Midiamax, o autódromo tinha certificado de vistoria válido de anos anteriores.

Porém, o sistema do Corpo de Bombeiros agora funciona com autodeclaração, ou seja, uma vez certificado e tudo certo o local é possível que consiga renovar o alvará com autodeclaração, informando que tudo está em conformidades.

São pontos como saída de emergência, corrimão, extintores e hidrantes. Então, o bombeiro não vai ao local para a conferência ficando sob responsabilidade do proprietário.

No entanto, conforme o Corpo de Bombeiros, atualmente estava em situação de ‘certificação’. Após o acidente no evento, os bombeiros estiveram no autódromo na manhã desta segunda-feira (3).

Com isso, os militares constataram que havia situações que não se adequavam para a certificação, como extintores vencidos, hidrantes não funcionando, brigada de incêndio faltante, além de outros itens irregulares. 

Por esse motivo eles tiveram o certificado cassado e autuados e multados em mil Uferms (Unidade Fiscal Estadual de Referência de Mato Grosso do Sul), que é a medida utilizada para multas. Cada Uferms equivale a R$ 48,42, ou seja, a multa é de R$ 48.420.

Vale lembrar que a Polícia Militar também não foi solicitada para fazer vistoria. Eventos grandes de corrida com acesso ao público, por exemplo, exigem uma série de documentos que os organizadores e responsáveis pelo autódromo precisam apresentar e solicitar.

Após toda a documentação, eles precisam solicitar uma visita técnica da Polícia Militar no ambiente. A equipe vai ao locar fazer a vistoria para atestar sobre a segurança do local. Ainda segundo informações da PM, quando é feita essa vistoria é exigido a contratação de segurança particular, sem ela não é autorizado ocorrer o evento.

O delegado Alberto Luiz Carneiro da Cunha de Miranda, da Deops (Delegacia Especializada de Ordem Política e Social), afirmou também que o evento ocorrido no fim de semana não tinha alvará.

De acordo com o delegado, “não houve expedição de alvará para esse evento, conforme informação do setor responsável da Deops”. Ainda segundo informações, no caso do evento que tinha a cobrança de bilheteria necessitaria de documentação, o que não ocorreu. “Não houve a solicitação do alvará da Deops neste caso concreto”, reforçou o delegado.

Alberto ainda esclareceu que um dos alvarás que precedem ao da Deops é o do Corpo de Bombeiros para que o local passe por vistoria, além de precisar de autorizações da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), Sefin (Secretaria Municipal de Finanças e Planejamento). Também há necessidade do recolhimento de taxas da Sefaz e só, então, é expedido o alvará da Deops. 

Estado da moto após acidente (Ana Laura Menegat, Midiamax). Local era regrado a bebida alcoólica (Polícia Civil)

Acidente e morte

O motociclista preso pela morte de Nicholas Yann Santos de Jesus, de 20 anos, no acidente no Autódromo de Campo Grande, na madrugada de domingo (2), ganhou liberdade nesta segunda-feira (3). Ele havia sido preso quando recebia alta do hospital.

Nicholas havia ganhado a motocicleta de seus pais duas semanas antes do acidente para trabalhar. O rapaz foi enterrado nesta manhã de segunda (3). 

‘Não vi a motocicleta’

Quando preso, ele disse que ‘não viu a motocicleta’. Para os policiais, ele falou que havia ingerido um copo de bebida alcoólica, mas o teste do bafômetro deu negativo. Ainda de acordo com o autor, ele estava empinando a sua motocicleta e não teria visto a aproximação de Nicholas.

Aos policiais, a mulher contou que o autor do acidente a chamou para dar uma volta e estava fazendo a manobra de empinar quando aconteceu a colisão. 

Tanto a vítima, Nicholas, quanto o autor que estava na outra motocicleta tinham CNH (Carteira Nacional Habilitação) AB. De acordo com o autor, ele ficou sabendo da morte de Nicholas ainda no Autódromo. Um dos organizadores do evento tentou retirar do local a motocicleta de Nicholas.