A mãe de uma menina de 10 anos denunciou ao Jornal Midiamax que a filha foi ameaçada por outro colega da escola em que estuda em Campo Grande, inclusive com fotos de facas e áudios afirmando a situação.

A menina está sendo transferida do colégio, segundo a mãe, que deve registrar a ocorrência na Polícia Civil.

Os nomes não foram colocados na matéria para preservar a identificação das crianças conforme o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Além disso, as vozes das crianças nos áudios também foram modificadas pelo mesmo motivo.

Os áudios e as imagens foram enviadas à reportagem. Nas conversas escritas em um grupo de WhatsApp, há mensagens como: “Eu vou chamar a bia pra essa vadi*”, “Só treta. Só falta o mestre agora”, “Mané amanhã é dia de mudar de lugar, mano”.

Em outra mensagem, uma das crianças escreve: “Eu quero matar a ** e a **”. “Porque a **?”, questiona outra criança. “Eu odeio ela e a **. Olha o que eu vou levar pra escola”, escreve.

Em seguida há duas fotos: uma com uma faca e a outra com duas facas na mesa. “Olha o massacre kkkkk”, comenta.

Já nos áudios, um deles fala sobre a ação: “A primeira tentativa que ela vai tentar chutar, já vai tomar uma facada na barriga”, diz.

“Amanhã vou levar um trenzinho aqui pra ele, que ele vai adorar. Deixa eu tirar uma fotinha aqui do que eu vou levar pra mim e pra você”, diz outra criança.

A mãe de uma das meninas ameaçadas disse que ela e a filha ainda estão em choque. Ela contou que a filha nunca relatou ter sofrido bullying na escola, porém com esse ocorrido, ela acabou confessando que essas situações vêm ocorrendo desde o ano passado.

“É algo que a gente acha que nunca vai acontecer com a gente”, lamentou.

A menina já está com a transferência escolar em andamento, aguardando apenas finalizar as provas que estão ocorrendo e deve passar por tratamento psicológico.

“Vamos fazer denúncia também na Semed porque claramente essas crianças estão completamente desassistidas”, afirmou.

A Deaij (Delegacia Especializada no Atendimento à Infância e Juventude) afirmou que a ocorrência não foi registrada na Polícia Civil e que a escola havia tomado providências. Porém, equipes da Guarda foram acionadas para ir à escola nesta sexta-feira (7) e o caso será encaminhado ao Conselho Tutelar devido às idades.

O que diz a Semed

Em nota, a Semed (Secretaria Municipal de Educação) afirmou que o caso já foi esclarecido e que aconteceu no início do mês de maio. 

Explicou que seis alunos do 5º ano criaram um grupo de WhatsApp entre eles e, por volta de 0h, um dos meninos disse que não gostava da colega, mandou uma foto de faca de cozinha da casa dele no grupo e a menina tirou uma foto de duas facas e mandou no grupo, como ameaça. 

Ao vistoriar o celular do neto, a avó de um dos alunos encontrou as conversas e alertou a direção da escola, que então alertou os pais dos alunos envolvidos. Conforme a Semed, a diretora fez atas sobre o caso e orientou os pais para que vistoriem os celulares de seus filhos. 

“A Secretaria informa ainda, que há um setor na Semed chamado Secoe (Setor de Acompanhamento de Conflitos Relacionados à Evasão e Violência Escolar), que desenvolve uma ação conjunta com a Guarda Civil Metropolitana em relação a realização de palestras de orientação sobre a prevenção ao uso de drogas, violência contra a mulher e orientações às famílias em situação de risco. 

 O Projeto Escola Segura da Guarda Civil Metropolitana realiza ações e palestras de cunho preventivo, educativo e orientativo com foco na redução dos índices de violência no município de Campo Grande desde 2009. 

Todos os anos percorre as escolas municipais alcançando estudantes do 6º ao 9º ano, trabalhando o enfrentamento a violência, voltado para as temáticas de bullying, violência doméstica. 

 O tema prevenção às drogas, vem com foco nos danos pessoais, familiares, sociais, emocionais e profissionais causados pelo uso indevido de substâncias e tem a proposta de prevenção e conscientização dos alunos da rede de ensino”.