Acusada de matar Luiz no Jardim Imá para ficar com moto emprestada diz ter sido estuprada

Corpo de Luiz Carlos Sanchini foi encontrado em terreno baldio no Jardim Imá

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Angélica é julgada por homicídio qualificado e ocultação de cadáver – (Foto: Victória Bissaco)

Acusada de matar Luiz Carlos de Souza Sanchini, de 49 anos, Angélica Aparecida da Cunha Souza afirmou em julgamento popular que foi estuprada pela vítima antes do assassinato. O júri ocorre na manhã desta quarta-feira (9) e teve como testemunha a amiga de Angélica, que havia sido ré por ocultação de cadáver.

O júri começou com o relato da amiga que teria ajudado Angélica a levar o corpo de Luiz até um terreno baldio em frente à residência onde foi morto. Essa amiga também seria a dona da casa e afirmou que alugava a residência, por R$ 50, para a acusada fazer programas.

Em depoimento, disse que não conhecia Luiz. Ainda, afirmou que no dia do crime, 27 de março de 2023, a acusada pediu a casa emprestada à noite, fato o qual causou estranheza, uma vez que costumava alugar a casa durante a manhã ou tarde.

Por volta das 18h50, diz ter ido para um centro de Candomblé – religião que frequenta – e deixou Angélica sozinha na casa. A acusada teria feito contato “insistentemente” com a amiga a partir das 20h30, pedindo para ela retornar para casa com cerveja, contudo, por estar muito longe da residência, negou.

Amiga de Angélica, antes de pedir para retirarem ré do Plenário – (Foto: Victória Bissaco, Midiamax)

Mais tarde, às 23h30, a dona da casa retornou para deixar uma motocicleta, já que foi convidada por outro amigo para ir a uma festa. “Eu encontrei com ela na varanda, ela disse que precisava falar comigo, mas que me esperava voltar”.

Foi somente por volta das 2h que soube da morte ao voltar para casa. “Antes de entrar, ela me chamou na varanda e disse ‘olha, matei um cara dentro da sua casa’. Eu ri e disse que era mentira, mas ela disse que era verdade”, explica.

A amiga conta que estava assustada, enquanto Angélica, normal, parecendo que havia acabado de “assar um frango”. “Eu estava nervosa, chorando e ela: ‘calma, amiga. Vou resolver isso para você’. Gente, eu olhei aquilo apavorada, chorando”, informa. Ainda, disse que Angélica afirmou ter matado Luiz porque estava em dívida com ele. “Mas não falou nada sobre a moto”.

Angélica diz ter sido ‘violentada

Angélica, por sua vez, negou que alugasse a casa de Ana Paula para fazer programa. “Eu pagava R$ 30 reais para usar a casa dela porque me sentia mais segura, mas foi com uma pessoa só. Não era programa, eu não recebia nada”, explica.

Ainda, disse que conheceu Luiz Carlos por uma plataforma de compra e venda. Os dois começaram a conversar e, então, Angélica comprou a motocicleta dele. O contato dos dois era apenas sobre a negociação da motocicleta. “Não peguei emprestada, eu comprei. Ele disse que não tinha PIX, então, eu pagava em dinheiro e ele assinava a promissória”, afirma.

Angélica conta que pagou nove prestações de R$ 300 e, na noite do crime, pagaria os últimos R$ 300. Contudo, já havia negociado a motocicleta com um dono de garagem, pois estava com o motor ruim. Afirma que mandou até uma foto do documento para o garagista, mas não entregou o documento físico. “Ele falou que só ia devolver a moto se a gente pagasse o dobro, senão ele não ia devolver”, disse. Ela explicou para Luiz Carlos, que continuava a cobrando.

Segundo Angélica, Luiz disse que estava em um processo de separação com a ex-mulher dele e precisava dessa moto para dividir os bens.

Corpo de Luiz foi encontrado em terreno baldio – (Foto: Henrique Arakaki – Arquivo Midiamax)

Em 27 de março, combinou com Luiz Carlos de ele buscar o valor da prestação na casa de Ana Paula, pois era mais perto de “assuntos que eu precisava resolver”. “Ele nunca mostrou ser violento, sempre mostrou ser uma pessoa normal. Eu fui saber só depois do histórico violento dele, que tinha coisa com criança, fui saber pela Internet”, afirma.

Angélica afirma, ainda, que a primeira vez que Ana Paula chegou, Luiz ainda nem estava na casa. Ele chegou somente depois, bêbado. “Ele entrou e eu fui para o quarto pegar uns documentos. Ele me empurrou na cama, tirou minha roupa e me violentou. Depois de um tempo deitado, ele veio para cima de mim de novo. Eu coloquei a mão no pescoço dele e empurrei ele para o chão. Achei que ele estava desmaiado, eu não queria matar ele”, conta.

“Matar uma pessoa para mim é muito forte”, afirmou Angélica. Também disse aos prantos: “Não queria que chegasse nesse ponto, mas ele estava me violentando e falava coisas ruins para mim, que ia descobrir onde era minha casa, que ia colocar um amigo dele que era policial federal atrás de mim. Eu fiquei com medo, porque tinha duas filhas”.

Ocultação de cadáver

“Eu falei ‘você tira ele daqui e se vira com seu corpo’”, teria dito a amiga à Angélica, a qual chegou a ligar para familiares e pedir ajuda. “Ela falou que tinha acabado de matar um cara e precisava tirar o corpo da minha casa. Eles falaram que iam cedo”.

Ana Paula relata que Angélica arrastou o corpo de Luiz Carlos até o portão da residência. Depois, falou: “se você quer esse corpo fora daqui, então me ajuda”. Ainda, relata que Angélica pegou um lençol e colocou o corpo em cima. Depois, cada uma pegou em uma ponta do lençol e arrastaram para um matagal em frente à residência.

A ré responde por homicídio qualificado por motivo torpe, uma vez que teria o assassinado pela negociação da motocicleta emprestada; dissimulação, por ter atraído Luiz Carlos até a residência mediante pretexto que manteriam relação sexual; e ocultação de cadáver.

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