Um jornalista, de 46 anos, de Nova Andradina, cidade a 298 quilômetros de Campo Grande, denunciou quatro homens após ter sido perseguido e agredido na manhã desta sexta-feira (2). Segundo ele, o quarteto teria dito que ele seria o responsável por espalhar faixas na cidade “comemorando” a saída de um comandante.

Conforme consta no boletim de ocorrência, registrado pela vítima, os agressores seriam policiais militares. Ainda segundo o registro policial, o jornalista informou que estava dirigindo para retornar para sua casa, quando dois veículos descaracterizados – um Renault Sandero e uma caminhonete L-200 – com dois homens em cada um, teriam começado a persegui-lo.

Segundo ele, em nenhum momento os ocupantes dos carros se identificaram como policiais militares ou tinham qualquer identificação visual, além de não estarem fardados. O jornalista afirmou que, só depois, tomou conhecimento de que seriam policiais militares lotados na cidade de Nova Andradina. À polícia na delegacia, ele disse ter sofrido abuso de autoridade, já que não havia mandado de prisão contra ele.

O jornalista afirmou ter sido agarrado, agredido e impedido pelos quatro supostos policiais a entrar em sua casa. Ele afirmou que, temendo por sua vida, seguia até a frente de sua residência, onde possui câmeras de segurança. No vídeo é possível ver o momento em que os homens vistoriam o carro da vítima. Ele disse ter sido jogado no chão e imobilizado com um golpe de mata leão.

A vítima ainda relatou que os supostos PMs estariam de serviço no momento da abordagem, com exceção de um. Segundo ele, os supostos militares teriam dito que acharam que era ele quem estaria soltando fogos e afixando faixas para comemorar a transferência do comandante da cidade, o que foi negado.

O jornalista ainda afirmou que acredita que houve crime de tortura contra ele para que dissesse que era o responsável pelas faixas e fogos. O caso foi registrado como “constranger o preso mediante violência a produzir prova contra si mesmo” e “submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei”.

O Jornal Midiamax entrou em contato com a assessoria de imprensa da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), solicitando esclarecimentos sobre o episódio, mas até a publicação dessa matéria não obteve retorno. O espaço segue aberto para posicionamento.

Confira o vídeo:

Prefeitura pede investigação

A prefeitura de Nova Andradina emitiu nota à imprensa lamentando o ocorrido e cobrando investigação sobre o caso.

“São gravíssimos os indícios de perseguição, coação e agressão física cometidos, supostamente, por policiais militares, à paisana”, diz a nota.

Ainda conforme o comunicado, “é inaceitável que jornalistas, por sua atividade profissional, sofram ameaças de qualquer natureza e, mais ainda, é inconcebível que este tipo de ação criminosa parta de agentes do Estado. Diante dos fatos noticiados, aguardamos a apuração e a devida aplicação da Lei. Para tanto, confiamos no trabalho da @policiacivilms e na reputação da @pmmsoficial”, finaliza a nota.

*Atualizada às 15h13 para acréscimo de nota da Prefeitura de Nova Andradina