Nesta quarta-feira (19), a sessão do terceiro dia do júri popular, sobre a morte do estudante Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos, começa com apenas dois réus sentados no plenário, Marcelo Rios e Vladenilson Olmedo. Jamil Name Filho foi liberado para ver e conversar com a família.

Conforme o juiz que preside a sessão, Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Jamil Name Filho está conversando com a família. “A pedido do Jamil e sua defesa, ele está conversando com a mãe, os filhos e cunhada”, afirmou o juiz.

Também segundo o magistrado, o réu está em uma sala reservada, sem algemas, acompanhado da escolta federal. “Aproveitou que está aqui para ter esse momento de conversa”, disse o juiz, lembrando ainda das dificuldades de visita no presídio federal, onde Jamil está preso atualmente.

“Ele que escolhe estar com os familiares entre estar aqui assistindo ou ficar com os familiares”, finalizou, afirmando que o réu pode entrar a qualquer momento no plenário, se quiser.

Terceiro dia de julgamento pode ser o último

Julgamento histórico, pelo assassinato de Matheus Coutinho, deve terminar nesta quarta-feira (19), depois da dispensa de várias testemunhas pelos réus. O julgamento estava previsto para durar quatro dias.

Jamil Name Filho já tem três condenações, que somam 23 anos e 2 meses de prisão. Ele se sentou no banco dos réus pela primeira vez e ainda deve enfrentar outro júri, pelo assassinato de Marcel Costa Hernandes Colombo, conhecido como ‘Playboy da Mansão’. O julgamento pela morte de Marcel ainda não foi marcado.

Matheus Coutinho foi assassinado com sete tiros de fuzil em frente à sua casa, quando manobrava a caminhonete de seu pai. O alvo no dia 9 de abril de 2019 era o pai do estudante, Paulo Xavier, conhecido como ‘PX’.

Dia de debates

Neste terceiro dia, após as testemunhas e réus serem ouvidos, começam os debates entre acusação e defesa, começando pela acusação. Os debates têm tempo regulamentar da casa e cada um possui 30 minutos para explanar sua tese. E do debate participam os advogados dos réus, sendo: 

Defesa de Jamil Name é composta por Anderson Lima – de Brasília, o ex-ministro do STJ, Nefi Cordeiro e Eugênio Malavasi.

  • A defesa de Marcelo Rios é composta por Márcio Vidal e Luiz Renê Gonçalves.
  • Vladenilson Olmedo tem em sua defesa os advogados Alexandre Barros Padilha, Márcio Sandim e Ewerton Belinatti da Silva.
  • Já a acusação é composta pelos promotores Douglas Oldegardo, Luciana Rabelo, Moisés Casarotto e pelo promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Gerson Araújo, além da assistente de acusação, mãe de Matheus, Cristiane Almeida.

Após os debates, pode haver a réplica, que pelo tempo regulamentar deve ser de 15 minutos e depois as tréplicas. Logo após os jurados, num total de sete, entre eles 5 homens e 2 mulheres, vão para uma sala secreta.

Na sala secreta, o conselho de sentença, como são chamados os jurados, recebem um questionário com perguntas, sendo que as respostas são: Sim ou Não. Após a votação de cada um é feita a contagem dos votos que é lida no plenário.

Após isso, o juiz Aluízio Pereira dos Santos comunica a sentença que ele como magistrado vai aplicar aos réus, levando em consideração qualificadoras, mandante do crime e executores.

O que motivou a execução?

As investigações demonstraram que Jamil Name e Jamil Name Filho teriam ordenado a morte de Paulo Xavier. PX já teria atuado com a família, na prestação de serviços enquanto também atuava como policial militar.

Inclusive, já teria feito segurança particular de Jamilzinho, na época em que ele teve uma briga com Marcel Colombo, o ‘playboy da mansão’, em 2018. Marcel foi assassinado a tiros em uma cachaçaria da cidade, também segundo a investigação a mando da família Name.

Foi nessa época que PX conheceu o advogado Antonio Augusto de Souza Coelho, com quem passou a ter uma relação próxima. Paulo Xavier também tinha vínculos com a Associação das Famílias para Unificação e paz Mundial.

Nesse período, Antonio foi procurado pela associação, para resolver pendências comerciais e negociar propriedades. Foi então que passou a negociar com a família Name, que se viu em prejuízo financeiro.

Depois, PX teria passado a prestar serviços para o advogado e parou de atender a família Name. Foi então que os líderes decidiram pela morte do policial. No contexto da denúncia, é relatado que a organização criminosa se baseava na confiança e fidelidade, por isso o abandono ao grupo foi malvisto.

A partir da ordem de execução de Paulo Xavier, homens de confiança da família Name foram acionados para colocarem o plano de morte em prática. São eles Marcelo Rios, ex-guarda municipal de Campo Grande, e o policial aposentado Vladenilson Olmedo.