A onda de pichações, na região central de Campo Grande, que aconteceu na madrugada dessa terça-feira (18), trouxe novos prejuízos e muitas reclamações dos comerciantes e moradores. As pichações se concentraram principalmente em um prédio comercial e residencial, no cruzamento das ruas 13 de Maio com a Dom Aquino, mas registramos outros pontos com ação dos vândalos.

Os vidros novos do ponto de ônibus da Rui Barbosa já tem muitas ‘marcas’ dos pichadores. Na esquina com a Maracaju, um sobrado antigo tem várias pichações e, pelas cores da tinta, foram feitas há muitos anos. Mas, ao lado, na rua Maracaju, há pichações com cores ‘vivas’, mostrando que a ação dos vândalos foi recente. 

(Henrique Arakaki, Midiamax)

O prédio fica do outro lado do cruzamento, perto do Imóvel onde funcionava a empresa de telefonia “Oi”, local que era alvo constante de pichadores. Há quase dois anos, a empresa não funciona mais ali. De acordo com um comerciante vizinho, não há pichações recentes nas paredes altas porque funciona atualmente uma espécie de “Hostel” ali e o local conta com câmeras de segurança, iluminação reforçada e seguranças que fazem rondas.  

Uma comerciante ouvida pelo Jornal Midiamax falou que a porta do estabelecimento dela foi toda pichada no ano passado. Ela também reclama da quantidade de moradores de rua e, principalmente, de usuários de drogas.  A lojista, que preferiu não ser identificada, justamente pra não ter o comércio pichado novamente, ainda relatou um ato  provocado por um usuário de drogas, na semana passada. “Ele pediu dinheiro e eu disse que não tinha, então ele cuspiu no meu rosto”.  
 
A mulher disse ainda que moradores de rua, durante a madrugada, ‘fazem as necessidades deles’ em frente aos comércios e nas portas dos estabelecimentos, causando vários transtornos aos patrões e funcionários.  
 
Perto dali, falamos também com Alessandra Alves, dona de uma ótica há quase 7 anos. A loja dela nunca foi pichada, mas relata que muitos comerciantes vizinhos já tiveram prejuízos por causa das pichações. “Fica feio, tudo manchado e os gastos ficam sempre para os empresários”.  Alessandra aproveitou para pedir mais rondas policiais, até mesmo durante o dia, pois vários usuários de drogas sempre se aglomeram, causando transtornos e, muitas vezes, prejuízos aos comerciantes das imediações.

(Henrique Arakaki, Midiamax)

No quarteirão acima da Rui Barbosa, em direção à Antônia Maria Coelho, também registramos vários prédios (a maioria fechados) com várias pichações nos muros e nas portas.  Já na esquina das ruas 13 de Maio e Antônio Maria Coelho, pichações antigas se misturam aos novos atos de vandalismo. Pelas cores dos ‘sprays’ usados, nota-se que o muro lateral do imóvel (que foi tombado como “patrimônio histórico”) foi pintado recentemente. Mas novamente por cima da ‘tinta branca’, tem novas pichações no prédio histórico.   Aumento de 15% nas pichações este ano, diz Polícia Civil

Aumento de 15% nas pichações neste ano, segundo a Polícia Civil

Segundo a Plícia Civil, do início do ano até essa terça-feira (18), foram registradas oito ocorrências de pichação, incluindo a Fundação de Cultura na Rua Antônio Maria Coelho, além de estabelecimentos comerciais centrais das ruas 14 de Julho e Dom Aquino. Já nos bairros, as ocorrências registradas incluíram casas e lojas do Jardim Tarumã, Santa Fé, Amambai, Manoel da Costa Lima e uma escola no bairro Novo Século.

(Henrique Arakaki, Midiamax)

Mais de 20 grupos de pichadores foram identificados pelos investigadores. Em 2018, a Polícia Civil registrou grande número de ocorrência e as rondas da Guarda Municipal foram intensificadas, ano em que mais de 20 grupos de pichadores foram identificados.

Naquela ocasião, em depoimento, muitos deles alegaram que a pichação ocorria como forma de protesto, seja para falar de preconceito e política, além de ser um modo de se ‘exibirem e conquistarem respeito’ entre os pichadores.

Após este período, não houve mais divulgação sobre este tipo de crime e nem sobre os pichadores indiciados.