Com reféns e até fuzis, simulação do Bope de ataque a banco atrai moradores em Campo Grande
Ao todo participaram cerca de 2 mil pessoas; treinamento se estendeu para área rural e presídio
Danielle Errobidarte –
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A modalidade criminosa de domínio de cidades foi alvo de simulação do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) na madrugada deste sábado (24), com simulado de ataque a uma empresa de transporte de valores, no Bairro Jardim Paradiso, em Campo Grande. A simulação foi aberta ao público.
Desde 2006, Mato Grosso do Sul registrou 14 ocorrências de roubos a instituições financeiras, com reféns, na modalidade novo cangaço. De 2011 para cá, os criminosos começaram a atuar no período noturno, com a evolução dos sistemas de segurança das empresas de valores – que incluem de bancos à empresas de transporte -, sempre com a utilização de reféns.
Apesar de nunca terem ocorridos ataques da modalidade de domínio de cidades em MS, o comandante do Bope, tenente-coronel Vinicius de Souza Almeida, explica que treinamentos como esse são, justamente, para que essas ações sejam evitadas.
“Há dois anos e meio, no Brasil, os estados de Mato Grosso do Sul, Acre e Sergipe são os únicos estados que não têm registro de ocorrências como essas, o que nos mostra que estamos evoluindo após a criação da doutrina, em 2013”, afirma o comandante, em referência ao protocolo de defesa e treinamento montado pelo Bope.
Ao todo, a simulação envolveu cerca de duas mil pessoas, entre policiais e colaboradores civis, nas áreas urbana e rural, e incluiu a parte inicial de um ataque “teatral”, já que não houve confronto entre os policiais e os figurantes que representavam os criminosos. Até o armamento foi semelhante ao utilizado pelos bandidos: fuzis 762.
“Os criminosos são os figurantes, que vão simular que estão atacando essa empresa, que já foi alvo no Brasil em outros lugares como no Mato Grosso”, explica Souza. Na área rural, foram montados cinco pontos de bloqueio, entre Campo Grande e Sidrolândia, num raio de 150 quilômetros. Os bloqueios para evitar que o suposto grupo criminoso saia da cidade é feito tanto por policiais como por civis, incluindo proprietários de fazendas que possam ter maquinários.
A ação durou 23 minutos e contou com figurantes que representaram nove reféns e 17 criminosos. Estes, estavam em cinco veículos, sendo duas caminhonetes e três carros. Ao final da simulação, três dos nove reféns foram colocados em cima dos carros, a fim de tampar os para-brisas dos veículos. Segundo o comandante, a estratégia foi utilizada pelos bandidos em situações reais. “Caso eles se deparem com alguma viatura no trajeto até a saída da cidade, os policiais evitam atirar porque pode atingir as vítimas”, explica.
Simulação com ‘bombas’ e ‘tiros’
O comandante explica que o intuito era se aproximar ao máximo de uma realidade que possam vir a acontecer em uma ocorrência desse tipo. Por isso, os figurantes simularam roubo de malotes, colocados na caminhonete, e utilizaram os reféns como escudo no cruzamento das ruas Otávio Gonçalves Gomes e Hanna Abdulahad.
A estudante de medicina Dayane Bastos, de 27 anos, moradora do Bairro Pioneiros, ficou sabendo no final da tarde desta sexta (24) da simulação, através do namorado. Interessada em ver como seria uma simulação com refém, os dois decidiram acompanhar.
“Geralmente a gente vê nos noticiários explicando como acontece, que fazem reféns, e queria ver se realmente é dessa forma, se condiz com a realidade, mesmo sendo uma simulação, porque eu nunca tinha tido oportunidade”, afirma Dayane.
Já o casal Felipe Gotta, de 34 anos, e Maria Eduarda, de 21, resolveu fazer uma programação diferente para a sexta à noite na Capital. Moradores de Nova Andradina, Felipe ficou sabendo da simulação pelas redes sociais do Bope, e por ser policial militar decidiu acompanhar de perto.
“Já tinha presenciado alguns exercícios de simulação, mas assim aberto ao público é novidade”, afirma Felipe. Maria Eduarda não se opôs à programação proposta pelo namorado. “Achei diferente, não imaginava que estaríamos na cidade bem no dia do evento”, afirma.
O administrador Márcio Jamil, de 47 anos, decidiu acompanhar a simulação ao ficar sabendo, pelas redes sociais e por amigos do Bope, que o local escolhido era próximo à sua casa. “Eu fiquei curioso e moro bem aqui perto, no Jardim Seminário, dá cinco minutos”, explica.
Apesar de já ter ouvido falar de crimes relacionados à modalidade de novo cangaço, a expectativa de Márcio era ver de perto como seria a atuação das forças de segurança. “Resolvi trazer minha filha para ela ter noção também do que é uma simulação de assalto”, finaliza.
Por fim, o comandante do Bope explica que a simulação não contou com confronto entre policiais e os figurantes que representavam os criminosos, no local escolhido. A segunda etapa do simulado foi feita na área rural, além do entorno do Presídio de Segurança Máxima, e restrita aos militares que participavam do treinamento.
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