Um áudio descoberto pela Polícia Nacional durante as investigações sobre a execução de Márcio Ariel Sánchez Giménez, conhecido como ‘Abacate’, revela que antes de morrer, o criminoso fez ameaças a inimigos. Ele era conhecido na fronteira por ter trabalhado como segurança de Jorge Rafaat, ‘rei do tráfico’ assassinado em 2016 na cidade de Pedro Juan Caballero, divisa com Ponta Porã. Atualmente, Abacate era chefe de pistoleiros e considerado um “arquivo vivo” de crimes na fronteira. Confira tudo o que se sabe até agora sobre a morte do criminoso.

O corpo de ‘Abacate’ foi encontrado na última sexta-feira (16) em Pedro Juan com 33 perfurações. A morte deixou a segurança paraguaia e brasileira, em Mato Grosso do Sul, em alerta.

Na mensagem encontrada pela polícia, o criminoso que comandava uma ‘agência de pistolagem’ ataca outros colegas do crime. “Eu posso amanhecer na frente da sua casa, você pode me sentir ao amanhecer e o que vão fazer? Vocês não são bandidos. São principiantes”, diz Márcio Sánchez inicialmente em mensagem gravada em guarani.

‘Abacate’ também se intitulava como chefe da fronteira e se vangloriava pelos seus feitos, de acordo com informações da imprensa paraguaia. “No dia que Aguacate morrer, façam uma reunião e escolham seu líder. Agora mesmo eu sou o chefe, amigo. Vocês não são nada diante de mim”, afirmava.

No final da mensagem encontrada pela Polícia Nacional, o ex-segurança de Jorge Rafaat, que ‘coincidentemente’ foi executado no mesmo dia que o ex-patrão, sete anos depois, mostra seu poder enquanto pistoleiro.

“Vou destroçá-los com fuzil se incomodarem porque ninguém vai salvá-los, nem mesmo se ajoelharem aos pés de Deus, amigo”, finaliza ‘Abacate’.

Abacate foi segurança de Jorge Rafaat (Foto: Reprodução/Polícia Nacional)

Pistoleiro teria participado de festa com ‘amigos’

Com base em diligências feitas em uma mansão alugada em Pedro Juan Caballero, onde a polícia acredita ser o local da execução, os investigadores afirmam que o pistoleiro teria sido traído por pessoas próximas.

A informação é do comissário Luis López, chefe da equipe policial responsável pela investigação do assassinato de Márcio. Segundo ele, tudo indica que ‘Abacate’ foi executado nesta casa que teria sido alugada pelo seu próprio cunhado.

Ainda segundo o comissário, para os investigadores há a convicção de que o líder dos pistoleiros, acusado de ser o responsável direto mais de 50 assassinatos por encomenda, foi morto por seus próprios guardas e parentes, desde sua primeira quadrilha.

‘Todo mundo sabia’

Após a morte de ‘Abacate’, o prefeito de Pedro Juan Caballero, Ronald Acevedo, que sempre acusou o pistoleiro como responsável pelo massacre ocorrido na cidade e que resultou na morte de sua filha Haylée Acevedo, reiterou suas críticas às autoridades de segurança do Paraguai.

Segundo o prefeito de Pedro Juan Caballero, Ronald Acevedo, na cidade “todo mundo sabia” o que Marcio Sánchez estava fazendo ou onde estava, menos a Polícia Nacional. O político também acusa ‘Abacate’ pelo assassinato do seu irmão, o ex-prefeito de Pedro Juan Caballero, José Carlos Acevedo.

Ronald Acevedo também disse à mídia paraguaia no mesmo dia em que a morte de ‘Abacate’ foi confirmada, que as ações da Polícia Nacional são ‘filtradas’ e que por isso são ineficazes. Segundo ele, que todos os paraguaios são “vítimas do Estado, que não dá segurança a nenhum cidadão”.

“Sempre defendi que (Aguacate) estava por aqui ameaçando as pessoas. Na zona maneja-se que o final delas seja o cárcere ou o cemitério. Um morre e vêm 10. Nunca mexemos com eles, somos vítimas. Logicamente temos medo”, declarou o prefeito de Pedro Juan Caballero.