Alegando 40 anos de agressões verbais e físicas, MP diz que mulher não quis matar marido
Crime aconteceu há 3 anos, após casal passar o dia brigando e ingerindo bebida alcoólica
Mirian Machado –
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Maria Luiza Nogueira da Silva, de 62 anos, está sendo julgada nesta terça-feira (25) no Tribunal do Júri em Campo Grande por assassinar o próprio marido, José Bonifácio da Silva, de 60 anos a golpe de facada. O crime aconteceu há 3 anos na residência do casal, no Jardim Tarumã. A mulher preferiu ficar em silêncio.
Durante julgamento, o juiz, defesa, acusação e jurados ouviram o depoimento do filho do casal, que estava no dia do crime na residência. Ele alegou que no dia do crime os pais começaram a brigar ainda pela manhã, mas que a discussão perdurou o resto do dia e se agravou com o anoitecer quando estavam ingerindo bebida alcoólica.
Contou ainda que por diversas vezes tentou apartar a briga a fim de evitar que eles se agredissem fisicamente, porém em certo momento se ausentou da varanda da casa, momento em que os pais ficaram sozinhos. Neste instante, a mulher foi até a cozinha, pegou uma faca e golpeou o marido na região do ombro, ele ainda foi ferido de raspão na região da barriga.
Após o crime a mulher foi para o quarto. O filho ao ver a situação acionou a polícia e o socorro e tentou estancar o sangue do ferimento do pai.
Quando a polícia chegou conversou com o filho que contou sobre as discussões. A mulher estava dormindo e teve de ser acordada pelos policiais devido ao estado de embriaguez. Ela confessou o crime e disse que agiu após ser xingada pelo marido de “vagabunda” e “prostituta”. Segundo ela, foram 40 anos de casados, 40 anos em que era humilhada, xingada, injuriada e, às vezes, ocorriam agressões físicas, mas eram frequentes as agressões verbais.
Antes do crime, ainda no mesmo dia, estavam na casa a filha do casal junto do marido e o cunhado de Maria, porém ambos foram embora antes das agressões físicas iniciarem.
Apesar de confessar à polícia, em juízo ela disse que não se lembrava e hoje em julgamento preferiu ficar em silêncio.
O Ministério Público e a defesa defendem a desclassificação do crime de homicídio doloso para lesão corporal seguida de morte. “Não teve o dolo de matar, teve o dolo de lesionar, cessar com as agressões”, defendeu o MP. José Bonifácio foi socorrido, mas morreu no Hospital Regional.
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