Acusados de massacre de indígenas em Caarapó vão a júri popular sete anos após crime

Na época vários indígenas ficaram feridos, entre eles uma criança de 12 anos

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Familiares choram no velório de Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza, de 26 anos. (Foto: Ana Mendes/CIMI)

Após sete anos do assassinato do agente de saúde Guarani Kaiowá Clodiode Aquileu Rodrigues de Souza, os acusados pelo crime vão a júri popular. Cinco fazendeiros foram denunciados pelo MPF (Ministério Público Federal) no caso que ficou conhecido como Massacre de Caarapó, a 273 quilômetros de Campo Grande.

O crime aconteceu em 2016, quando cinco proprietários rurais organizaram, promoveram e executaram o ataque à comunidade Tey Kuê. Os cinco fazendeiros apontados como responsáveis pela retirada forçada de indígenas da fazenda foram denunciados em outubro do mesmo ano pelo MPF e responderão pelos crimes de formação de milícia armada, homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado, dano qualificado e constrangimento ilegal.

A decisão pelo júri popular é da 1ª Vara da Justiça Federal em Dourados, que acolheu o pedido do Ministério Público Federal apresentado alegações finais em julho do ano passado. Entre os feridos pelos fazendeiros estava uma criança de 12 anos. 

“Pelos depoimentos dos ofendidos, indícios, sinais demonstrativos do crime, fotografias, há indícios suficientes de autoria de que os réus se valeram de pás carregadeiras, fogos de artifícios, munições atiradas no raio de 360 graus em direção aos indígenas, impossibilitando suas defesas”, diz um dos trechos da decisão.

Morte do indígena

Cerca de 40 caminhonetes, com o auxílio de três pás carregadeiras e mais de 100 pessoas, muitas delas armadas, retiraram à força um grupo de aproximadamente 40 indígenas Guarani Kaiowá de uma propriedade ocupada por eles.

Clodiode Aquileu foi assassinado com um tiro no abdômen e outro no tórax. Outros seis indígenas, inclusive uma criança de 12 anos, foram atingidos por disparos e ficaram gravemente feridos. Dois índios sofreram lesões leves e a comunidade foi constrangida violentamente a deixar a área.

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