Maria Luiza Nogueira da Silva, de 62 anos, foi condenada a dois anos e oito meses de reclusão e vai cumprir a pena em regime aberto, pela morte do marido José Bonifácio da Silva, de 60, conforme decisão após ser julgada durante Tribunal do Júri ocorrido na manhã desta terça-feira (25) em Campo Grande. Ela preferiu ficar em silêncio, mas a defesa sustentou que ela foi vítima de violência psicológica e física ao longo dos 40 anos do casamento. O crime ocorreu no dia 26 de abril de 2020.

Conforme decisão do Conselho de Sentença e do juiz Carlos Alberto Garcette, Maria foi condenada a dois anos e oito meses de reclusão em regime aberto. Os jurados também acataram o relato de uma testemunha, que afirmou que Maria “era constantemente vítima de violência psicológica na relação conjugal com o ofendido, inclusive no momento que antecedeu os fatos”.

Também foi acatado, a pedido do Ministério Público e da defesa, a desclassificação do crime de homicídio doloso para lesão corporal seguida de morte. “Não teve o dolo de matar, teve o dolo de lesionar, cessar com as agressões”, defendeu o MP.

Os jurados ainda consideraram que “a acusada cometeu o crime sob o domínio de violenta emoção, haja vista que teria sido agredido verbalmente pela vítima na ocasião dos fatos”.

Depoimento do filho do casal

Durante julgamento, o juiz, defesa, acusação e jurados ouviram o depoimento do filho do casal, que estava no dia do crime na residência. Ele alegou que no dia do crime os pais começaram a brigar ainda pela manhã, mas que a discussão perdurou o resto do dia e se agravou com o anoitecer quando estavam ingerindo bebida alcoólica.

Contou ainda que por diversas vezes tentou apartar a briga a fim de evitar que eles se agredissem fisicamente, porém em certo momento se ausentou da varanda da casa, momento em que os pais ficaram sozinhos. Neste instante, a mulher foi até a cozinha, pegou uma faca e golpeou o marido na região do ombro, ele ainda foi ferido de raspão na região da barriga.

Após o crime, a mulher foi para o quarto. O filho ao ver a situação acionou a polícia e o socorro e tentou estancar o sangue do ferimento do pai.

Quando a polícia chegou conversou com o filho que contou sobre as discussões. A mulher estava dormindo e teve de ser acordada pelos policiais devido ao estado de embriaguez. Ela confessou o crime e disse que agiu após ser xingada pelo marido de “vagabunda” e “prostituta”. Segundo ela, foram 40 anos de casados, 40 anos em que era humilhada, xingada, injuriada, às vezes havia agressões físicas, mas eram frequentes as agressões verbais.

Antes do crime, ainda no mesmo dia, estavam na casa a filha do casal junto do marido e o cunhado de Maria, porém ambos foram embora antes das agressões físicas iniciarem.

Apesar de confessar à polícia, em juízo ela disse que não se lembrava e hoje em julgamento preferiu ficar em silêncio. José Bonifácio foi socorrido, mas morreu no Hospital Regional.