Execução de policial chefe de segurança da Alems completa quatro anos sem desfecho

MPMS apontou que a morte de Ilson teria ligação com o desaparecimento de Daniel Alvarez Georges

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(Foto: Marcos Ermínio/ Midiamax)

Há exatos 4 anos, ocorria a morte do policial militar aposentado e na época chefe da segurança da Assembleia Legislativa de Campo Grande, Ilson Martins Figueiredo. Crime ocorreu na manhã do dia 11 de junho de 2018, quando a vítima estava conduzindo um Kia Sportage, na Avenida Guaicurus, momento em que foi surpreendido e teve o carro alvejado por diversos tiros de grosso calibre, como os de fuzil AK-47.

Cerca 18 cápsulas foram recolhidas pela perícia no local, inclusive de calibres 762 e 556. Depois de ser atingido, o veículo que Ilson dirigia bateu contra o muro de uma residência.

Os pistoleiros que executaram Ilson estavam encapuzados, vestindo preto e com coletes à prova de balas, segundo o relato de testemunhas no dia do crime. Os autores teriam começado a atirar contra o carro de Ilson uma quadra antes do local onde ele morreu.

Uma testemunha que presenciou toda a ação dos pistoleiros disse que o Kia Sportage conduzido por Ilson Martins vinha pela Avenida Guaicurus e, no mesmo sentido, vinha um Fiat Toro com três ocupantes, acompanhado por uma camionete grande e branca.

Os dois veículos foram localizados horas depois do crime, incendiados em pontos diferentes de Campo Grande.

Investigações

Conforme a denúncia oferecida pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) em setembro de 2020, a princípio, Melciades Aldana, Marcelo Rios e Juanil Miranda teriam agido a mando dos outros denunciados, matando Ilson a tiros de fuzil.

Durante as investigações, foi apurado que o crime teria ocorrido a mando de Fahd, Flavinho, Jamil Name e Filho. Ainda foi apontado que Melciades seria homem de confiança, responsável por levantar informações das vítimas do grupo e trajeto que realizavam, para que fosse possível a emboscada.

Como motivação, o MPMS apontou que teria ligação com o desaparecimento — posteriormente dado como morte — de Daniel Alvarez Georges, filho de Fahd. Ele desapareceu em maio de 2011 e após anos de investigação foram apontados como responsáveis Claudio Rodrigues de Souza, o ‘Meia Água’, Alberto Aparecido Roberto Nogueira, o ‘Betão’, e Ilson Martins.

‘Meia Água’ foi assassinado em setembro de 2015, com vários tiros em Jandira (SP). Já Betão foi encontrado morto em Bela Vista em 21 de abril de 2016. Por isso, a investigação apontou para crime de vingança na morte de Ilson.

Sem provas

Três réus suspeitos do envolvimento na morte de Ilson Martins Figueiredo, foram impronunciados. Fahd Jamil, Jamil Name Filho e Marcelo Rios não vão a júri popular pela morte do policial aposentado.

O juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, relembra na decisão que o embasamento da acusação feita pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) era de que a execução teria acontecido por vingança. Isso pela suspeita de participação de Ilson Martins no ‘sumiço’ de Danielito — Daniel Alvarez Georges — filho de Fahd que desapareceu em 2011.

A acusação trabalha com a hipótese de um envolvimento de Ilson com a morte de Danielito, caso até hoje ainda não esclarecido. Para o magistrado, faltam provas para a pronúncia dos réus pela execução do policial militar. Na peça, o juiz pontua a falta de materialidade na morte de Daniel, por não haver laudo comprovando.

Além disso, nas mais de 4 mil páginas do processo também não foi reconhecida a morte presumida de Danielito. As investigações também não localizaram as armas usadas no crime ou identificaram os executores, estando Juanil Miranda apontado como um agente intermediário, que não teria agido diretamente no assassinato.

O juiz ainda questiona alguns pontos não esclarecidos nos autos. Entre as perguntas, estão o motivo pelo qual Fahd pediria ajuda da família Name para a execução de Ilson, uma vez que ele é apontado pela acusação como líder de organização criminosa na fronteira. “Será que ele não tem pistoleiros próprios?”, diz a peça.

Também é questionado o motivo pelo qual Juanil teria sido ‘emprestado’ apenas para arregimentar os executores. Fahd Jamil, Jamil Name Filho e Marcelo Rios foram impronunciados e o magistrado ainda pontuou que, se estivesse vivo, Jamil Name — que morreu por complicações da covid-19 em junho de 2021 — também seria impronunciado.

A decisão não recaiu sobre Flávio Correia Jamil Georges, já que o processo foi desmembrado. Também não há decisão sobre Melciades Aldana ou Juanil Miranda, já que nunca foram encontrados.