A empresa alvo da operação da Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo), na manhã desta sexta-feira (23), em Campo Grande, falsificava selos de inspeção federal para atuar no fornecimento de carnes para escolas municipais e estaduais de Mato Grosso do Sul.

A empresa foi lacrada pela polícia. Uma denúncia feito ao MPMS (Ministério Público Estadual) levou a polícia ao galpão da empresa Embutidos Tradição Eireli, no bairro Atlântico Sul. Segundo o delegado Reginaldo Salomão, a situação em que os alimentos eram armazenados foi classificada como ‘trágica’. Equipes da Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) também participaram da operação.

O delegado disse que foram encontrados pacotes de carne descongelando no chão e algumas com larvas e ovos, todas podres, sem condição de consumo. No galpão não havia telas de proteção para evitar a entrada de bichos e muitas moscas estavam no ambiente. Vizinhos afirmam que o mau cheiro na região era frequente.

O sal que era usado para fazer charque estava armazenado no banheiro junto de produtos de limpeza. O delegado afirma que o dono da empresa falsificava SIFs (Selos de Inspeção Federal), usando os registros de outras duas empresas.

Quando o dono da empresa percebeu a chegada da polícia fugiu. A Iagro e o Conselho de Medicina Veterinária estão no local para a apreensão das carnes podres. Ainda não foi pesada a carne apreendida.

Os advogados da empresa, que estavam no local acompanhando a operação, não quiseram falar com a reportagem a respeito do caso. O Jornal Midiamax também tentou contato com a empresa por telefone, mas nenhuma ligação foi atendida até a publicação deste texto.  

Contratos com o poder público

Conforme o Portal da Transparência do Governo do Estado e da Prefeitura de Campo Grande, a empresa Embutidos Tradição forneceu alimentos para as secretarias estadual e municipal da Capital. O fornecimento de alimentos para escolas estaduais ocorreu até 2018, conforme as publicações no DOE (Diário Oficial do Estado).

Segundo as publicações em Diário Oficial de Campo Grande, a empresa também forneceu alimentos para escolas municipais até o ano de 2017. Entre os alimentos fornecidos à prefeitura da Capital em 2015 estão diversos cortes de carne ao custo de R$ 224 mil à época e também alimentos industrializados como fórmula infantil e biscoito de polvilho. Tudo era usado para merenda dos alunos da rede municipal.

Em publicação do mês de maio deste ano, o município acionou a empresa para aplicar penalidade de irregularidade em licitação lançada em 2017. Detalhes deste pregão não estão disponíveis no Portal da Transparência da prefeitura.

A reportagem acionou a prefeitura de Campo Grande e o Governo do Estado para mais detalhes sobre contratações firmadas com a empresa alvo da polícia e o espaço segue aberto para manifestação.