Dias antes de ser mantida em cárcere e sob tortura, vizinhos denunciaram agressões a mulher morta

Polícia chegou a ir duas vezes em um único dia na casa de Francielle, em dezembro de 2021

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Adailton responde pela morte da esposa
Adailton responde pela morte da esposa

Dias antes de ser mantida em cárcere e sob tortura pelo marido, vizinhos de Francielle Guimarães Alcântara, de 36 anos, denunciaram as agressões que ela sofria. A polícia chegou a ir mais de uma vez na casa de Francielle em um único dia, em dezembro de 2021.

No dia 16 de dezembro, vizinhos ligaram por duas vezes para a polícia relatando que Francielle estava sendo agredida pelo marido. Na primeira ida dos militares à residência, ele disse que não estava ocorrendo nada. Mas, momentos depois um novo chamado fez com que os policiais voltassem  ao local.

Sendo que desta vez, familiares da vítima estavam em frente à residência dizendo que Francielle estava apanhando de Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos. Mas, mais uma vez ela relatou que o chamado deveria ser para outra casa. Não foi visto nenhum sinal de  violência aparente no corpo da mulher, e os policiais conversaram com a família e com a vítima, que nesse dia resolveu ir para a casa de sua mãe. 

Dias depois, Francielle foi colocada em cárcere privado pelo marido que passou a fazer sessões de tortura com a esposa, que teve os dentes quebrados, cabelos cortados rente ao couro cabeludo, além de ser queimada e ficar sem pele nenhuma nas nádegas. No corpo de Francielle, o médico legista encontrou equimoses no abdômen e na região do tórax. 

Muitas das torturas eram praticadas por Adailton na frente dos filhos, um bebê de mais de 1 ano e de um adolescente de 17 anos, que era ameaçado todo o tempo pelo autor para não revelar o que ocorria dentro da casa. Depois de mais de um mês sob tortura, Francielle acabou morrendo em casa.

Ela foi encontrada morta em casa e a princípio o caso foi tratado como morte natural. No entanto, no laudo da funerária, o delegado percebeu lesões. O corpo foi encaminhado para verificação do óbito e o médico então retornou, alegando que as lesões não eram compatíveis com morte natural.

Assim, o corpo de Francielle foi encaminhado ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), onde foi confirmada a morte violenta. Francielle foi vítima de estrangulamento, asfixiada com um cordão em volta do pescoço. No corpo, várias outras lesões, dente quebrado, unhas quebradas, ferimentos na cabeça, o cabelo totalmente cortado, evidenciavam a tortura que ela sofreu por pelo menos um mês.

Na casa, foi feita perícia e objetos usados nas agressões apreendidos, bem como o objeto que teria sido usado no estrangulamento.

Ainda conforme o delegado, familiares procuraram a delegacia e relataram que Francielle era mantida em cárcere pelo marido. Ela teria confessado a ele um relacionamento extraconjugal, quando as torturas começaram. A mulher era proibida de sair de casa, mantida em cárcere privado, sem poder se comunicar com os familiares ou qualquer outra pessoa.

Imagens de câmeras de segurança flagraram o autor saindo da residência, momentos após o feminicídio. Ele está foragido e o caso será investigado pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) como cárcere, tortura e feminicídio.

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