Roubos de gado cada vez mais audaciosos espalham pânico entre fazendeiros de Mato Grosso do Sul

Produtores amargam prejuízos de até R$ 300 mil a cada ataque e reclamam da falta de fiscalização nas estradas

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Com a crescente em furtos de gado de várias propriedades rurais em Mato Grosso do Sul, donos de fazendas tentam se organizar na tentativa de evitar prejuízos que chegam a R$ 225 mil, como aconteceu com um produtor rural que teve 75 cabeças de novilhas precoces furtadas, na noite do dia 17 deste mês. Perícia está sendo feita na fazenda para a coleta de marcas de pneus deixadas, e outros vestígios pelos criminosos.

O furto aconteceu na fazenda que fica às margens da BR-262, em Ribas do Rio Pardo, a 97 quilômetros de Campo Grande. Idamir José, proprietário da fazenda, contou ao Jornal Midiamax que o furto das cabeças de gado foi percebido por um capataz, no dia seguinte, quarta-feira (18).

O funcionário da fazenda percebeu que as novilhas foram furtadas ao ir colocar sal para o gado, quando viu a cerca cortada. No local, havia marcas de pneus de caminhões. Ainda segundo Idamir, os criminosos levaram até cavalos para embarcar o gado. 

Eles refizeram um embarcador desativado de uma sede para poder embarcar as 75 cabeças de gado e levar. Segundo Idamir, cada cabeça no mercado está avaliada entre R$ 3 mil e R$ 3.500. “Estão acontecendo muitos furtos na região, mas de uma, duas cabeças, carneadas na beira da cerca mesmo”, disse o produtor rural. 

Medo e fiscalização

Idamir foi enfático ao falar que a Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) deveria fiscalizar com mais afinco os caminhões que transportam gado nas rodovias. Ele ainda reivindicou uma fiscalização mais rigorosa nos leilões, onde muito dos gados furtados são remarcados e vendidos. 

Segundo o delegado da Deleagro (Delegacia Especializada de Combate a Crimes Rurais e Abigeato), Mateus Zampiere, muitas vezes, os donos de fazendas demoram de 1 a 2 dias para descobrirem os furtos, que são feitos em grandes propriedades. O delegado ainda disse que, proporcionalmente ao tamanho do Estado, os índices de furtos são baixos em relação ao tamanho do rebanho. “Mas mesmo com índices baixos, não vamos deixar virar bagunça”, falou Zampiere. 

Zampiere explicou que grande quantidade de gado furtado dessa maneira é para revender em leilões, o que difere do pequeno furto, onde o animal é carneado para ser vendido em açougues clandestinos. Os criminosos, com notas frias, remarcam o gado e vendem em leilões. Geralmente quem compra nem sabe que está adquirindo um animal furtado. 

Deleagro

A Deleagro foi criada em abril deste ano, com o intuito de garantir maior segurança à agropecuária, com maior agilidade e eficácia na resolução do crime de abigeato. A delegacia também tem competência para investigar e reprimir crimes como subtrações de insumos, defensivos e maquinários agrícolas.

Nos delitos decorrentes de crimes agrários, nos quais haja violência, em um trabalho de cooperação com demais instituições e órgãos, com ressalvas àquelas com competência federal, a Deleagro presta apoio às demais unidades policiais na apuração de crimes contra o agronegócio.

No entanto, os furtos às fazendas são crescentes e os produtores reclamam precisar se organizar entre eles para tentar frear os crimes. “Nós temos força policial, mas falta mesmo a fiscalização. Como que um bando anda pelas estradas do Estado com gado marcado e não é parado? Como isso não chama a atenção?”, mostra-se indignado um deles, que prefere não se identificar. 

Outra estratégia adotada pelos produtores é o oferecimento de recompensa por informações sobre os furtos. “Só assim, às vezes, a gente consegue levar pistas para a investigação”, lamenta. 

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