Recruta de 18 anos, do serviço militar obrigatório, ingressou com ação judicial por danos morais e materiais após ter o rosto, pescoço e costas queimados com álcool em gel na 9ª Companhia de Guarda, dentro CMO (Comando Militar do Oeste), em . As agressões ocorreram no último dia 23, durante um trote chamado de ‘missão', e o principal suspeito é um sargento da unidade. 

De acordo com os advogados Pablo Arthur Buarque Gusmão e Renato Cavalcante Franco, que representam o rapaz, na data do ocorrido um outro soldado pediu para que ele fosse buscar um isqueiro, durante a brincadeira. A vítima então encontrou o sargento, pediu permissão para falar e perguntou se teria um isqueiro para emprestar. O suspeito então disse que não poderia ajudá-lo, mas ordenou que ele entrasse em uma sala do pelotão.

Sargento é denunciado por jogar álcool e atear fogo em recruta dentro de quartel em Campo Grande
Recruta mostra ferimentos no pescoço. Foto: Divulgação

Em seguida, exigiu que o soldado ficasse em posição de flexão, pois iria pisar na cabeça dele. Porém, o soldado inicialmente recusou, mas foi obrigado e acabou ficando na posição. “Esse sargento pegou álcool em gel, espirrou no pescoço e no gorro, e perguntou se pegava fogo. Logo em seguida acendeu um isqueiro, provocando combustão. Começou a pegar fogo no pescoço, rosto e orelhas do recruta”, disse o Pablo.

Como se não bastasse, o sargento tentou apagar as chamas estapeando a vítima. Mesmo depois de ferido, o soldado foi interpelado várias vezes por superiores e só foi levado à enfermaria para atendimento no período noturno. Ainda de acordo com os advogados, ele só teve acesso a um dermatologista do Hospital Militar no dia 26, porque a mãe recorreu ao comandante, solicitando que o filho fosse atendido por um especialista.

Conforme apurado, foi instaurado Inquérito Policial Militar para apurar o caso. No próximo dia 5 deve ser realizada a reprodução dos fatos e o sargento pode responder por lesão corporal dolosa e tortura. “Estamos providenciando representação por danos morais, materiais e pelos danos estéticos causados ao recruta”. A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa do CMO, mas não foi atendida.