A morte por engano de Matheus Coutinho Xavier, filho do oficial reformado da PM (Polícia Militar) Paulo Roberto Xavier, em abril desde ano, teria acontecido por causa de desacertos relativos a disputa por propriedades rurais na região de Jardim, Bonito e Miranda e que já pertenceu à entidade comandada pelo Reverendo Moon.

Conforme a investigação realizada pelo Garras (Grupo Armado de Repressão a Assaltos e Sequestros) e (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) na Operação Omertà, o pivô da situação foi o advogado Antonio Augusto de Souza Coelho, autor de suposto golpe contra a seita coreana de Moon.

Antonio Augusto era advogado da AFUPM (Associação das Famílias para Unificação e Paz Mundial) e teria aplicado um golpe na instituição, já que possuía procuração da mesma e teria vendido terras sem que houvesse consentimento da entidade.

Em dado momento, o advogado teria se associado à família Name e fundado a Figueira, razão social da fazenda de mesmo nome. Xavier mantinha, segundo os autos, relação comercial com Augusto, que também teria entrado em desacordo com os Name.

A defesa de Jamil Name e de Jamil Name Filho nega qualquer tipo de participação dos dois com a suposta armada investigada na Operação Omertà.

Pistolagem para ‘mandar um recado'

Nos autos, consta que Paulo se afastou dos Name e se aproximou de Augusto, de quem recebeu a promessa de receber porcentagem das vendas das terras envolvidas nas negociação mal resolvidas. Não há referência no trecho consultado se ele vendeu alguma fazenda e recebeu o valor prometido pelo advogado.

Em depoimento, Xavier confirmou a suspeita de que seria o verdadeiro alvo dos pistoleiros que mataram Matheus. O crime seria uma forma de ‘mandar um recado' para Antônio Augusto.

Entretanto, mensagens obtidas pelos policiais da Delegacia de Homicídios mostram uma pessoa não identifica e contratada para monitorar em tempo real Xavier conversando com o alvo, afirmando para ele que queriam matá-lo “por causa de um lance de uma fazenda”.

Relatório do Garras apontou ainda que, além de Paulo Xavier, deveriam ter sido mortos o advogado Antonio Augusto, sua esposa e seu filho. Os desacordos envolviam a fazenda Figueirinha, em Jardim, e também a fazenda Invernadinha, na região da Chácara das Mansões, em Campo Grande, na saída para São Paulo.

Morte por engano

A investigação ainda aponta que a morte de Matheus aconteceu por engano, já que o alvo era Paulo Xavier. Um dos envolvidos na situação é o guarda municipal que foi peça-chave na deflagração da Operação Omertà, Marcelo Rios – considerado gerente do grupo.

Em depoimento da mulher de Rios, arrolada como testemunha, ela revelou que ele teria desobedecido uma ordem para contratar novos pistoleiros para executar a “missão” de matar Xavier, acionando o mesmo “time” de assassinatos anteriores.

Rios chegou a relatar para a mulher que “a cabeça dele iria rolar” e, diante do erro na execução do crime, ficou desesperado, ficando inclusive sem comer e dormir, segundo relatado pela testemunha em depoimento ao Gaeco.

O guarda municipal fazia segurança para os Name e também era quem intermediava a contratação de outros seguranças e pistoleiros para executar os crimes determinados pela suposta milícia armada. Em depoimento, ele disse que os executores do crime foram os ex-guardas Juanil Miranda Lima e José Moreira Freires, o Zezinho.