O Comandante-Geral da PMMS (Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul), coronel Waldir Ribeiro Acosta, nomeou três outros oficiais da corporação para compor o ‘Conselho de Disciplina’ que vai julgar o 2º sargento Ricardo Campos de Figueiredo, um dos presos da Operação Oiketicus, que desmantelou a chamada Máfia dos Cigarreiros.

Na portaria publicada, datada de 11 de março deste ano, que escolheu os membros da Corregedoria-Geral da PMMS para integrar o Conselho, o comandante pontua que o sargento, ‘em tese, violou os valores e deveres policiais-militares’, e, ainda, teria praticado ‘transgressão disciplinar de natureza grave’.

“Por ter sido envolvido nos fatos que culminaram na denominada operação “Oiketicus”, entre os anos de 2015 e 2018, deflagrada pela Polícia Militar e Ministério Público Estadual/GAECO’, diz a publicação, Ricardo fica ‘passível da sanção disciplinar prevista no artigo 23, inciso V, também prevista no Decreto 1.260/81’, ou seja, ‘licenciamento e exclusão (dos quadros da PMMS) a bem da disciplina’.

Para a presidência do Conselho de Disciplina foi nomeado o major Anderson Machado Padilha, como interrogante e relator o capitão Marcel Vargas Fernandes e, por fim, como escrivão, o 1º tenente Hudson Gonçalves Nogueira, que serão responsáveis por emitir um ‘parecer de procedência, procedência em parte ou improcedência da acusação, propondo a medida aplicável ao caso concreto e declarando ou não a incapacidade moral do acusado, por sua conduta, em permanecer na atividade da Corporação’.

Operação

Ricardo foi condenado a 18 anos, 10 meses e 11 dias de prisão pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro por estar envolvido na Máfia dos Cigarreiros, quando foi preso durante a Operação Oiketicus em maio de 2018.

A Operação Oiketicus, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) em maio de 2018, apurou delitos praticados por policiais militares do Estado que atuavam na chamada “Máfia dos Cigarreiros”. Ricardo foi apontado como líder do grupo que dava suporte a contrabandistas de cigarros. Nas duas fases da Oiketicus, 29 policiais, entre praças e oficiais, foram presos.

As investigações iniciaram em abril de 2017 e apontaram que policiais militares interferiam em fiscalização de caminhões de cigarros para que não ocorressem apreensões de cargas e veículos, além de adotarem outras providências para o êxito do esquema. De acordo com a denúncia do Gaeco, os cigarreiros agiam associados desde o início de 2015, estruturalmente ordenados e com divisão de tarefas.

Celulares quebrados

O sargento chegou a enganar o promotor para se trancar no banheiro de casa durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão e quebrar dois aparelhos celulares, para eliminar provas. Segundo os membros do MP-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul), perícia no que restou dos celulares apontou que provas que poderiam estar nos aparelhos foram destruídas, já que as placas e processadores foram totalmente danificados.