‘Querem culpar quem não está mais aqui para se defender’, diz pai de Carolina

Advogada pagou por um shop horas antes de morrer

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“Estratégia frágil e tentativa de culpar quem não está aqui para se defender”, é desta maneira que o pai da advogada Carolina Albuquerque classifica prova anexada ao processo que investiga acidente de trânsito que matou a jovem no dia 1º de novembro de 2017.

No último dia 24, a defesa do estudante de medicina João Pedro de Miranda, apontado como responsável pelo acidente, apresentou demonstrativo de pagamento onde aparece que, cerca de quatro horas antes de morrer, Carolina teria pago por um lanche para criança, um chope e um suco de laranja.

“Isso é ridículo, estão tentando colocar ela como culpada e ela não está mais aqui para se defender porque pagou com a vida. Não há como dizer se ela tomou ou não esse chope, eu não estava lá para saber, mas dizer que isso contribui para um acidente que aconteceu quatro horas depois é uma estratégia frágil que só tem o objetivo de desqualificar minha filha”, afirma Lázaro Barbosa Machado.

Com os pedidos, a defesa de João Pedro, estudante de medicina, tenta mudar a denúncia de homicídio doloso para homicídio culposo. Segundo a tese dos advogados, Carolina teria assumido o risco de morte quando dirigiu após supostamente ingerir bebida alcoólica.

Para o pai, o fato de estar em alta velocidade na Avenida Afonso Pena, uma das mais movimentadas da Capital, e o relato de testemunhas que contaram sobre o visível estado de embriaguez de João Pedro, reforçam a ideia de que o estudante assumiu o risco de matar. “Ele estava correndo quase atropelando todo mundo e os carros precisavam abrir para ele passar. Ele bateu no meio fio, depois bateu na minha filha. Acho muito estranho querer dizer que a Carolina teve culpa nisso”, relata.

Seis meses depois do acidente que fez calar a voz da filha, Lázaro tenta administrar a “dor que não passa”. Segundo ele, é preciso ser forte, até mesmo para amparar outros integrantes da família e o que dá forças para continuar seguindo em frente é o desejo de que a Justiça seja feita.

“É uma dor que vai me acompanhar pelo resto da vida. O que espero é que ele [João Pedro] seja punido e pague pelo o que fez com a prisão porque minha filha já pagou com a vida”, finaliza.

A polícia levantou que Carolina teria ido na companhia de amigas a um bar no Bairro Chácara Cachoeira, onde ficou até às 20h23. Neste horário, a conta foi fechada. No descritivo, está registrado o consumo de um suco de laranja, um chope de 500 ml, e um lanche ‘park kids’, provavelmente para o filho dela, de 3 anos de idade, que estava junto no momento do acidente, mas escapou com vida.

A advogada usou o cartão de crédito da mãe para fazer o pagamento e isso possibilitou resgatar as informações. Após sair da lanchonete, ela teria ficado no apartamento de uma amiga até o momento em que saiu e acabou atingida pela camionete de João Pedro que seguia na Avenida Afonso Pena em alta velocidade, segundo as informações policiais.

Para desqualificar o indiciamento pelo crime de trânsito, a defesa do acadêmico de medicina acusa Carolina de ter provocado a própria morte ao ‘furar’ o sinal vermelho, já que este teria sido, segundo a tese, o ato determinante para o acidente.

Mas, os laudos da Polícia Civil atestaram na época que o estudante de medicina João Pedro de Miranda de 23 anos dirigia a 115 KM/h em plena avenida Afonso Pena, e estava embriagado. A advogada, ainda segundo as informações policiais, estaria trafegando a 30 Km/h no momento da colisão.

Após o acidente, João Pedro Miranda fugiu e ficou foragido por dois dias. Preso, ele pagou uma fiança de R$ 50 mil e colocou uma tornozeleira eletrônica, uma das condições para sua liberdade.

 

 

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