PM executado em avenida conversou com advogada sobre assassinato de Paulo Magalhães

Dias antes de ser executado por pistoleiros encapuzados na avenida Guaicurus, em Campo Grande, nesta segunda-feira (11), o sargento reformado da Polícia Militar de MS, Ilson Martins Figueiredo, chefe da Segurança Institucional da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, conversou com a advogada dele sobre o assassinato do delegado Paulo Magalhães, em junho de […]

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Dias antes de ser executado por pistoleiros encapuzados na avenida Guaicurus, em Campo Grande, nesta segunda-feira (11), o sargento reformado da Polícia Militar de MS, Ilson Martins Figueiredo, chefe da Segurança Institucional da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, conversou com a advogada dele sobre o assassinato do delegado Paulo Magalhães, em junho de 2013.

Magalhães também foi executado por pistoleiros em via pública de Campo Grande. Ainda durante a manhã de segunda-feira, colegas de farda de Ilson chegaram a cogitar que os crimes possam estar relacionados. Uma das hipóteses era de que o nome dele estaria entre as testemunhas do caso, mas a informação não procede e ninguém mais quer falar sobre o suposto vínculo entre os crimes.

Oficialmente, a Polícia Civil informou apenas que já tem uma linha de investigação sobre a execução de Ilton. Policiais que estiveram na cena do crime quando souberam que a vítima era um colega de farda dizem que o monitoramento das câmeras de vídeo nos trajetos prováveis dos criminosos pode ajudar.

Denúncias contra o Crime Organizado

Assim como Ilson, Magalhães, delegado aposentado da Polícia Civil de MS, foi alvejado em plena via pública e executado dentro do carro que dirigia ao buscar a filha na escola. Quando foi eliminado, já tinha feito diversas denúncias sobre a infiltração do crime organizado em instituições de Mato Grosso do Sul através de uma Ong e um site na internet.

Até agora ninguém foi condenado. As informações extraoficiais da época indicavam que o crime teria custado R$ 600 mil, mas o mandante nunca foi identificado.

Na época, 5 anos atrás, foram presos José Moreira Freires e Antonio Benites Cristaldo. Ambos foram denunciados pelo Ministério Público, apontados como pistoleiros da execução. Iriam a júri popular marcado para o próximo dia 21, mas o julgamento foi adiado nesta segunda-feira (11) para as 8 horas de 15 de agosto, a pedido da defesa dos réus.

Impunidade para os mandantes

Cuidadosa, a advogada de Ilson, explica que não tem como relacionar diretamente os dois assassinatos. Mas, não afasta a possibilidade: “Ele podia saber de alguma coisa”.

Segundo a advogada, na terça-feira da semana passada, dia 5, o chefe de segurança da Assembleia Legislativa foi até o escritório dela e falou sobre o assassinato de Paulo Magalhães. Ele teria relembrado da morte, que neste mês completa meia década, e comentado sobre a impunidade para os supostos mandantes da execução.

Ilton conversou com a advogada sobre uma ação contra o Estado, que entrou depois de ter o nome inserido no sistema da Sejusp usado pelas polícias com anotações de sua prisão de 1982. Ele foi acusado de roubo a uma casa lotérica e um posto de combustível e chegou a ser preso e expulso da PM, mas acabou inocentado depois que o verdadeiro autor dos crimes foi preso por policiais da Derf (Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos).

Segundo a advogada dele, o policial aposentado estava bastante triste com a situação. Ele havia decidido entrar com uma ação contra o Estado pedindo reparação pelos danos causados.

Atuação exemplar na Assembleia

Ilton conseguiu reverter a expulsão da PMMS após ser inocentado do caso de 1982 e voltou à corporação. Em junho de 2008, novamente se envolveu em um episódio policial quando foi preso em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz divisa com Ponta Porã, por posse ilegal de armas com mais 2 policiais.

Na casa foram encontrados três fuzis, dois rifles, duas pistolas e quatro revólveres. Um foragido da Justiça, Alberto Aparecido Roberto Nogueira, condenado a 20 anos por pistolagem estava no local com Ilson. À época eles responderam por associação criminosa na justiça paraguaia, mas Ilton não chegou a ser condenado.

Aposentado em 1997, ele foi nomeado em março de 2015 no cargo de Diretor de Segurança e Informação da Assembleia Legislativa, que exercia até ser executado.

O presidente da Casa, deputado Júnior Mochi (MDB), disse que o servidor sempre teve atuação exemplar. Já o deputado Zé Teixeira (DEM) que fez a indicação para nomeação do sargento da reserva, disse que não havia nada que o desabonasse para o cargo, e que não tinha como saber do episódio ocorrido no Paraguai.

Fuzilamento no meio da avenida

Islon Martins Figueiredo estava conduzindo um Kia Sportage, na Avenida Guaicurus, na manhã de segunda (11), quando foi surpreendido e teve o carro alvejado por diversos tiros de arma de grosso calibre. Uma delas seria um fuzil. Aproximadamente 18 cápsulas foram recolhidas pela perícia no local. Depois de ser atingido, o veículo que ele dirigia bateu contra o muro de uma casa.

Os pistoleiros que executaram o policial aposentado estavam encapuzados, vestindo preto e com coletes à prova de balas, segundo testemunhas. Eles começaram a atirar contra o carro de Ilton uma quadra antes do local onde ele morreu.

A ação assustou quem passava pela Avenida Guaicurus. Muitos acharam que se tratava de um acidente de trânsito, quando viram o carro batido contra o muro. Ao tentar parar e ajudar, um motorista quase teve seu carro alvejado pelo trio que assassinou Ilson.

Uma testemunha que presenciou toda a ação dos pistoleiros disse ao Jornal Midiamax que o Kia Sportage conduzido por Ilson Martins vinha pela Avenida Guaicurus e, no mesmo sentido, vinha um Fiat Toro com três ocupantes, acompanhado por uma camionete grande e branca.

Os dois veículos foram localizados horas depois do crime, incendiados em pontos diferentes de Campo Grande.

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