O ex-sargento da Polícia Militar e ex-agente de segurança velada do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), Ricardo Campos Figueiredo, 42 anos, foi condenado a 18 anos, 10 meses e 11 dias de prisão pelos crimes de organização criminosa, passiva e lavagem de dinheiro, em julgamento nesta segunda-feira (17).

Além da condenação em regime fechado, o juiz Alexandre Antunes da Silva, decidiu pela exclusão de Ricardo Campos, da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul.

Consta no julgamento que: “Tendo em vista que as penas fixadas são superiores a dois anos, aplica-se ao sentenciado a pena acessória consistente na sua exclusão da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul”.

Operação Oiketicus

A Operação Oiketicus, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) em maio deste ano, apurou delitos praticados por policiais militares do Estado que atuavam na chamada “”. Ricardo foi apontado como líder do grupo que dava suporte a contrabandistas de cigarros. Nas duas fases da Oiketicus, 29 policiais, entre praças e oficiais, foram presos.

As investigações iniciaram em abril de 2017 e apontaram que policiais militares interferiam em fiscalização de caminhões de cigarros para que não ocorressem apreensões de cargas e veículos, além de adotarem outras providências para o êxito do esquema.

De acordo com a denúncia do Gaeco, os cigarreiros agiam associados desde o início de 2015, estruturalmente ordenados e com divisão de tarefas.

Celulares quebrados

O ex-sargento chegou a enganar o promotor para se trancar no banheiro de casa durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão e quebrar dois aparelhos celulares, para eliminar provas. Segundo os membros do MP-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul), perícia no que restou dos celulares apontou que provas que poderiam estar nos aparelhos foram destruídas, já que as placas e processadores foram totalmente danificados.

Enriquecimento ilícito

Através de cruzamento de dados bancários e fiscais, o Ministério Público chegou à conclusão de que Ricardo enriqueceu ilicitamente, tendo recebido R$ 500 mil em propinas. Para fazer a lavagem deste dinheiro, ele teria usado o nome de um dos filhos e de um amigo na aquisição de bens e na abertura de conta bancária.

O ex-sargento tinha proximidade com o “alto escalão do Poder Executivo”, tendo sido da segurança velada do governador Reinaldo Azambuja. O Gaeco diz que Ricardo Campos tinha posição destacada dentro da estrutura da organização criminosa, inclusive influenciando nomeações e transferências de colegas envolvidos no esquema.

Foram registrados depósitos bancários de “somas elevadas” de dinheiro na conta bancária do ex-assessor de segurança do governador por pessoas diretamente ligadas com o contrabando de cigarros. Também foram detectados vários depósitos feitos mensalmente sem identificação do responsável.

Esta movimentação financeira é classificada como “totalmente incompatível”, além de gastos e padrão de vida que “fogem à realidade econômica” de um sargento da PM. Ao todo, o sargento Ricardo Campos teria recebido R$ 500 mil em propina e assim enriquecido ilicitamente por meio de corrupção, conforme a denúncia. Só em 2015, houve R$ 182.709,76 de acréscimo patrimonial sem origem declarada.

Consta também na denúncia, que Ricardo interferia informalmente na promoção e transferência de colegas policiais militares, inclusive oficiais.

Julgamentos

Aparecido Cristiano Fialho, cabo da Polícia Militar, foi condenado a 15 anos e 4 meses de prisão por corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O também policial militar Marcelo de Souza Lopes foi condenado a 11 anos e 4 meses de prisão por corrupção passiva e organização criminosa.

Já três PM's foram absolvidos por falta de provas, são eles: Claiton de Azevedo, Claudomiro de Goes Souza e Nilson Procedônio Espindola.

No último dia 7 deste mês, Lisberto Sebastião de Lima, Elvio Barbosa Romeiro, Vandison de Pinho, Ivan Edemilson Cabanhe e Erik dos Santos Osuna foram condenados pelos crimes de corrupção passiva e organização criminosa. Angelúcio Recalde Paniagua e Jhondnei Aguilera também tiveram condenação pelos mesmos crimes agravados pelo fato de que, para a Justiça, a dupla exercia o comando do esquema criminoso.

Elvio, Vandison, Ivan, Lisbeto e Erik tiveram penas fixadas em 11 anos e quatro meses de reclusão cada. Já Jhondnei e Angelúcio foram condenados a 12 anos e três meses de prisão. Nazário da Silva, que também era investigado, foi absolvido dos crimes porque não foram encontrados indícios suficientes para condená-lo.