Um dos pistoleiros apontados como responsáveis pela execução do delegado aposentado Paulo Magalhães, em 2013, o guarda municipal José Moreira Freires disse nesta quarta-feira (15) que fugiu depois do crime com medo de ser ‘eliminado' pela polícia como queima de arquivo. Até hoje, quando ocorre o primeiro juri popular do caso, as investigação não chegaram nem perto dos mandantes da morte.

Paulo Magalhães, após se aposentar como delegado da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, estava envolvido em diversas denúncias contra autoridades regionais e chegou a falar publicamente sobre os supostos esquemas de corrupção que combatia, durante audiência do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) com a ministra Eliana Calmon, em 2011, em .

Magalhães também advogava para servidores federais que denunciavam supostas condutas ilícitas no Presídio Federal de Campo Grande. À época do crime, circulou a informação de que o delegado aposentado e professor universitário de Direito teria distribuído dossiês com pistas sobre a execução dele para amigos, mas os documentos nunca chegaram a aparecer.

Freires, que enfrenta o juri pela morte de Paulo nesta quarta, disse aos jurados que não sabia que a vítima era delegado aposentado, e que achava que se tratava de um advogado. Mesmo assim, ele continua negando.

Para explicar porque fugiu logo depois da execução, o guarda municipal levanta suspeita sobre a atuação da polícia no caso. Segundo ele, mesmo sem ter participação na execução, teria sido ‘avisado' que policiais estariam armando um cenário de resistência para matá-lo quando fosse abordado. O suposto plano para eliminar o pistoleiro seria uma ‘queima de arquivo'.

Freire admitiu que conhecia outro implicado na morte de Magalhães, Antônio Benites, que está com o juri popular marcado para 29 de agosto. Os dois trabalhavam como seguranças no Hospital El Kadri, e José afirma que na hora do crime estava indo para o local.

Morto e carbonizado

Rafael Leonardo Santos, o terceiro pistoleiro apontado como envolvido que estaria pilotando a motocicleta usada na execução do delegado aposentado, foi morto e carbonizado em Campo Grande.

José ainda acusa a polícia de pressionar para ‘apenas confessar o crime'. “Nunca ninguém quis ouvir a versão dos fatos. Só queriam que eu confessasse o crime”, disparou na frente dos jurados, do juíz, promotor e da defesa nesta manhã.

Na época da execução, circulou rumor de que a morte teria custado R$ 600 mil, mas a polícia garante que não achou sequer pistas do mandante. Freire é defendido por Renê Siufi, um dos criminalistas mais conceituados de Mato Grosso do Sul.

Ainda em depoimento José disse que antes de entrar para a Guarda Municipal de Campo Grande trabalhava em um bar onde funcionaria um negócio de jogos eletrônicos, começando como garçom e depois manobrista. Atualmente o salário base de um guarda civil municipal é de R$ 1.580,00.