Uma série de evidências no assassinato do delegado Paulo Magalhães acabou levando a polícia à identificação dos pistoleiros acusados pelo crime, José Moreira Freires, Antônio Benitez Cristaldo e Rafael Leonardo dos Santos. Este último foi morto e seu corpo foi encontrado carbonizado, decapitado e sem os braços e pernas.
Uma delas seria o fato de que as imagens de segurança, que gravaram a ação dos pistoleiros em junho de 2013, mostravam um dos autores mancando. José Moreira manca de uma das pernas, por causa de um acidente que sofreu quando criança. O guarda-municipal também seria suspeito da morte de um Policial Militar.
A partir dos três dígitos da placa da moto vermelha usada para a execução, a polícia chegou a três motocicletas vermelhas em Campo Grande, mas apenas uma foi compatível, o que levou a polícia até o segurança Antônio Benitez Cristaldo.
O segurança havia comprado a moto em uma loja na Avenida Júlio de Castilho. O veículo era ‘bob’ – nome dado para veículos que têm problemas com documentação. Após o assassinato, Antônio teria ido até a loja e pedido para que o vendedor não revelasse que ele seria o comprador. Achando muito estranho, o vendedor da loja contou o que tinha acontecido a seu pai, que era PM, e os dois procuraram a delegacia.
Pouco tempo depois da execução de Magalhães, Rafael teria comprado um veículo Audi, aquisição incompatível com sua renda. O fato levantou suspeitas da polícia, que já estava com a investigação adiantada.
Depois que os mandados de busca e apreensão e prisão foram expedidos para o trio, Rafael foi encontrado morto e partes do seu corpo foram jogados próximo ao lixão da Capital. Ele foi carbonizado e decapitado.
Segundo a promotoria, Rafael seria o ‘elo mais fraco’ dos três e poderia contar quem seriam os mandantes do crime. Por isso, foi eliminado. O corpo dele só pode ser identificado através de exames de DNA.
Paulo Magalhães, após se aposentar como delegado da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, estava envolvido na investigação e denúncias contra autoridades regionais. Ele chegou a falar publicamente sobre os supostos esquemas de corrupção que combatia durante audiência do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) com a ministra eliana Calmon, em 2011, em Campo Grande.
À época do crime, circulou a informação de que o delegado aposentado e professor universitário de Direito teria distribuído dossiês com pistas sobre a execução dele para amigos, mas os documentos nunca chegaram a aparecer.
Júri Popular
Para explicar porque fugiu logo depois da execução, o guarda municipal levanta suspeita sobre a atuação da polícia no caso. Segundo ele, mesmo sem ter participação na execução, teria sido ‘avisado’ que policiais estariam armando um cenário de resistência para matá-lo quando fosse abordado. O suposto plano para eliminar o pistoleiro seria uma ‘queima de arquivo’.
Freire admitiu que conhecia outro implicado na morte de Magalhães, Antônio Benites, que está com o júri popular marcado para 29 de agosto. Os dois trabalhavam como seguranças no Hospital El Kadri, e José afirma que na hora do crime estava indo para o local.
Na época da execução, circulou rumor de que a morte teria custado R$ 600 mil, mas a polícia garante que não achou sequer pistas do mandante. Freire é defendido por Renê Siufi, um dos criminalistas mais conceituados de Mato Grosso do Sul.
Ainda em depoimento José disse que antes de entrar para a Guarda Municipal de Campo Grande trabalhava em um bar onde funcionaria um negócio de jogos eletrônicos, começando como garçom e depois manobrista. Atualmente o salário base de um guarda civil municipal é de R$ 1.580,00.