Crime aconteceu no dia 1º deste mês

“Não houve troca de tiros, o que veio a ocorrer foi uma execução sumária realizada a sangue frio e ocasionada por uma motivação fútil”, foi assim que os advogados que vão atuar como assistentes de acusação da morte de João Miguel Além Rocha, explicaram a ação do sargento da Polícia Militar César Diniz da Silva, de 43 anos.

Nesta quinta-feira (6), os advogados Fábio Ricardo Trad Filho e Luciana Abou Ghattas se manifestaram e afirmaram, categoricamente, que o tenente aposentado não disparou em momento nenhum contra o colega de farda. Rocha foi assassinado com quatro tiros de pistola .40, um deles na nuca.

No local do crime, uma oficina mecânica do Bairro Nova Lima, a polícia apreendeu um revólver calibre 38, com cinco munições deflagradas. Na data, a polícia atribuiu a propriedade da arma ao militar aposentado. Testemunhas ainda relataram que depois de uma discussão, o tenente teria agredido o sargento e ambos sacaram as armas. Em seguida disparos foram ouvidos.

Os advogados ainda defenderam que o local do crime não foi preservado, o que foi registrado no boletim de ocorrência registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro. Segundo a polícia, quando a equipes da perícia chegaram, três projéteis, do revólver calibre 38, já haviam sido recolhidos. “Ainda não se sabe a mando de quem”, alegou a defesa.PM morto por colega de farda não atirou durante 'treta', afirmam advogados

Na nota enviada pelos advogados, Diniz é retratado como um homem ‘conhecido e temido na região’ onde o crime aconteceu e ainda que estaria ameaçando testemunhas do homicídio, que ainda terminou com um jovem de 18 anos, que passava pela rua, ferido por uma bala perdida.

Durante a vida militar Rocha respondeu por crimes de tortura e desobediência à ordem de superior, mas a defesa afirmou que “a vítima jamais sofreu condenação penal ou administrativa”. O PM aposentado deixou três filhos, esposa e a mãe idosa. “Todos profundamente abalados, com medo, mas na esperança de que se realize a justiça”.

Entenda

Segundo o boletim de ocorrência tudo começou com a negociação de um Nissan Sentra que pertencia a João Miguel. O policial aposentado teria trocado o veículo por um terreno com um conhecido, mas o comprador não teria feito o pagamento. Em vez disso, o homem teria revendido o carro em agosto do ano passado para o sargento Diniz.

Para a polícia, parentes do tenente afirmaram que a algum tempo ele tentava recuperar o veículo e no sábado ligou avisando que estava indo buscá-lo. Na oficina, o sargento teria impedido ele de levar o Sentra, os dois teriam discutido e o militar aposentado teria dado um tapa na cara de Diniz.

Foi nesse momento que os disparos teriam acontecido. Testemunhas contaram que após a agressão os dois se afastaram com as mãos na cintura, sacaram as armas e trocaram tiros.

Em depoimento, o sargento afirmou que recebeu uma ligação do dono da oficina informando que o carro seria guinchado. À polícia, afirmou que assim que chegou para conversar a vítima o agrediu com tapa no rosto sacou a arma em sua direção e chegou a realizar um disparo. Neste momento, teria deitado ao lado do guincho sacado sua pistola e atirado três vezes.

Na delegacia, Diniz afirmou que não conhecia a vítima, não sabia que era ela da Polícia Militar e que estava abadado com a situação.