Manutenção em Cessna 2010

Mecânicos de carro foram flagrados fazendo a manutenção de uma aeronave em um hangar localizado em Dourados, cidade a 228 quilômetros de Campo Grande, durante a Operação Deriva II, relizada pela Deco (Deco – Delegacia Especializada em Combate ao Crime Organizado), Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Agência Nacional de Aviação Civil, MPF (Ministério Público Federal), MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) e Ministério Público do Trabalho. A operação foi realizada na última segunda (20) e terça-feira (21).Mecânicos de carro foram flagrados fazendo manutenção de avião em MS

Na aeronave, um Cessna 2010, estava sendo colocados tanques de combustíveis nas asas da aeronave, que dão aproximadamente duas horas de autonomia de voo, segundo a delegada da Deco, Ana Cláudia Medina. 

Os mecânicos de automóveis também haviam retirado o equipamento de localização do avião. “Comparecemos a uma empresa de aviação agrícola que constava já como encerrada as suas atividades, porém nós vislumbramos que algo de errado tinha por lá. Nós entramos, no local são vários hangares,  e quando chegamos percebemos que a aeronave estava lá e passava por manutenções não regulares, por oficina, ou mesmo ali no local, porém com profissionais habilitados, já que não encontramos nenhuma ordem de serviço ou rastreabilidade desse serviço. 
O crime que os responsáveis e envolvidos irão responder é de atentado de segurança de voo e falsidade ideológica. A pista onde a aeronave se encontrava já estava interditada pela Anac. A aeronave Cessna 2010 deveria estar no Aeroporto Internacional de Ponta Porã.
 

Operação Deriva II

Hangares localizados nos municípios de Ponta Porã, Rio Brilhante e Aral Moreira foram alvo das diligências. A ação é desdobramento da Deriva, que ocorreu em março deste ano e resultou em sete aeronaves apreendidas e quatro empresas autuadas. Ao todo foram contabiliza R$ 2,9 milhões em multas e 23 aeronaves interditadas.

Em Ponta Porã, a empresa Agricenter foi autuada em R$ 1,6 milhão por utilizar produtos perigosos em desacordo com a legislação vigente e por prestar informação omissa em processo administrativo. Também foram apreendidos documentos relacionados a pousos, decolagens, aeronaves e pilotos investigados em organização criminosa especializada em tráfico de drogas. Duas aeronaves foram interditadas, sendo que uma delas operava mesmo suspensa.

No município de Rio Brilhante, a fiscalização interditou cinco aeronaves das empresas Asas do Cerrado, Nórdica e Dimensão Aviação Agrícola. Pulverização agrícola sem a devida licença, documentos aeronáuticos vencidos, ausência de receituários agronômicos nos relatórios de pulverização e falta de pátio de descontaminação foram algumas das falhas constatadas pela perícia técnica.

A Romaer Aviação Agrícola, de Aral Moreira, teve uma aeronave interditada. As equipes também constataram que o abastecimento das aeronaves era feito por funcionários sem treinamento e que não recebiam adicional de periculosidade. Além disso, não existiam equipamentos de proteção individual, as instalações elétricas encontravam-se em condições precárias e o descarte de resíduos ocorria sem observância às normas de saúde, higiene e segurança dos trabalhadores.

A operação Deriva, batizada em referência a situações em que o agrotóxico não atinge o local desejado e se espalha para outras áreas, integra uma série de fiscalizações ambientais conjuntas previstas para Mato Grosso do Sul. A ideia é realizar inspeções periódicas de combate a danos ambientais e à saúde da população.