Ela diz que está ‘limpa' e espera para voltar a morar com a garota

“Até quando? Não estão ajudando ela”, com este lamento e voz de desespero, a mãe da adolescente de 14 anos, que está há dois meses em um abrigo na Capital após ser estuprada pelo pai, tenta entender por que a menina ainda não voltou a morar com ela.

O caso trágico da adolescente trouxe à tona uma séria de equívocos no atendimento às vítimas de abuso e às crianças em situação de risco em MS. A menina nasceu em lar desestruturado, filha de mãe viciada, e pai abusador. Ela pediu ajuda às autoridades, mas o sistema falhou e a devolveu para morar um ano com o pai estuprador. Para provar os abusos, teve de usar um vídeo do próprio .

Agora, a mãe da menina luta para voltar a cumprir o papel materno. A mulher disse ao Jornal Midiamax que já fez todos os procedimentos pedidos pela Justiça, e que inclusive, já teria sido liberada das palestras que teve de fazer pelo Caps (Centro de Atenção Psicossocial). Ela ainda contou que cuida do outro filho, de 22 anos, que tem atraso mental e é dependente dela.

“Não entendo como posso cuidar deste meu filho e não posso ter minha filha comigo?”. A mulher, que agora trabalha em um restaurante, contou aflita que na semana retrasada, ao visitar a menina no abrigo, teria flagrado cortes quase cicatrizados nos braços dela.

Ela teria ido visitar a menina com a madrinha da adolescente e ouviu da filha que se não fosse morar com a mãe fugiria novamente do abrigo e tentaria se matar. “Ao pegar o celular da minha filha eu vi umas fotos dela cortando o braço com uma gilete”, desespera-se.

Ainda segundo ela até o momento ninguém foi até a sua residência para fazer a visita e verificar as condições de cuidados com a adolescente. “Estou com medo por que da outra vez a juíza falou que ela estava mentindo e a devolveu ao pai”, diz.

Tentamos entrar em contato com a juíza que cuida do caso, mas não obtivemos resposta.Mãe da menina que morou um ano com pai estuprador teme pela vida da filha

Estupros

Três boletins de ocorrência foram registrados pela menina por estupro, e uma por maus-tratos contra o pai, com que foi obrigada a viver por um ano e uma contra o tio por estupro. Após o registro em 2015 por maus-tratos contra o pai, a menina foi devolvida a ele e retirada do convívio com a mãe.

O terror da adolescente estava começando quando passou a ser estuprada por ele. Depois de meses de abusos e sessões de espancamento sempre que tentava fugir ou resistia, a menina conseguiu fugir.

Desta vez, com um vídeo gravado pelo próprio pai durante o estupro. As imagens teriam sido feitas no dia do aniversário dela, o homem a teria dominado e prendido na cama com um travesseiro, enquanto filmava o ato sexual.

Ela fez uma cópia das imagens, e em maio deste ano, acompanhada pela mãe, procurou a Casa da Mulher Brasileira para registrar novo boletim de ocorrência por estupro de vulnerável. Desde então, a adolescente foi retirada do lar e está novamente abrigada. No dia 27 de junho, o pai foi preso com um mandado de prisão expedido contra ele por estuprar a filha.

Fuga e devolução

Na tentativa de não ser ‘devolvida' ao pai de quem tentava fugir para não ser mais estuprada por ele. A adolescente fugiu do abrigo para onde foi levada, em 2015, após ser retirada do convívio familiar e ser proibida de ver a mãe.

Mas, quando foi localizada o terror vivido por ela voltou, quando passou novamente a morar com o abusador, o próprio pai. Servidores que acompanharam o processo na época, dizem que o estuprador se mostrava ‘amoroso e preocupado com o sumiço da filha'. Foi assim que Defensoria Pública, Ministério Público e a própria juíza deixaram a garota morando com o próprio estuprador em um bairro de .

Os estupros continuaram, e sempre que tentava fugir era agredida fisicamente por ele, que a queria transformar em sua esposa.