Quer também que processo fique sob sigilo

A defesa do estudante de medicina João Pedro Miranda quer a quebra de sigilos bancário e telefônico da advogada Carolina Albuquerque, morta em acidente na Avenida Afonso Pena no último dia 2. O intuito é saber se a vítima havia consumido bebida alcoólica nas últimas 12 horas antes do episódio fatal.

Além disso, os advogados querem saber se houve perícia com base na coleta de sangue a material gástrico da moça e, se não foi realizada, que agora seja por empresa indicada por eles nos autos. De acordo com o pedido, há ponto incontroverso, pois, o estudante trafegava pela Afonso Pena e seu veículo foi “abalroado” pelo carro da vítima que atravessou com sinal vermelho.

Por isso, a defesa vê necessidade “da investigação acerca das circunstâncias anteriores ao acidente com relação à motorista Carolina que cruzou o sinal vermelho”. Para tanto, requereu à Justiça que determine a quebra do sigilo telefônico para saber se Carolina falava ao celular ou utilizava algum aplicativo de smartphone no momento do acidente.

Que seja determinado à Google ou à Aplee que informe a localização da advogada no período de 12 horas antes do acidente, já que o celular dela foi entregue à família sem passar por perícia.

E que a operadora de telefone seja oficiada para informar a triangularização da ERB, a localização das 12 horas anteriores ao fato, para se saber se ela havia passado por algum estabelecimento que comercializa bebida alcoólica, bem como o uso do celular quando passou pelo sinal vermelho.

A defesa também pediu que, em caso de ter sido feita coleta de sangue e material gástrico da vítima após o acidente e os mesmos estejam devidamente armazenados, que seja determinada a realização de exame no sangue para se saber se há resquícios de teor alcoólico, ou substância análoga, bem como seja reservado no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia) uma amostra do sangue para que a defesa possa realizar a perícia com assistente técnico, no momento oportuno.

Isso tudo para saber o que a advogada ingeriu antes do acidente que a vitimou, “e também para que determine, imediatamente, que se reserve uma amostra do mesmo para a realização da perícia pelo assistente técnico a ser designado pela defesa”.Defesa pede quebra de sigilos e perícia para saber se advogada estava alcoolizada

Nos autos, os advogados já nomearam uma empresa de perícia para realizar os exames particulares posteriormente e, portanto, almejam permissão antecipada da Justiça para que o perito contratado, juntamente com os oficiais, possa atuar em momento que a família do estudante achar oportuno.

A lista de solicitações também inclui que seja determinado ao estabelecimento comercial que supostamente a vítima passou, a entrega das comandas, dos vídeos das câmaras de segurança, e se ela usou cartões de crédito de familiares para pagar a conta.

Caso haja confirmação, querem a quebra do sigilo bancário dos cartões, “para se saber se a mesma utilizou do referido no dia do acidente, e em qual local a mesma o utilizou, para se saber a localização da mesma no dia do acidente”.

Por fim, alegando a possibilidade da exposição de dados telemáticos, digitais, bancários e telefônicos, pedem que o processo tramite em segredo de Justiça, ou seja, que somente as partes tenham acesso ao conteúdo e movimentação dos autos.

João Pedro chegou a ser preso, mas pagou fiança de mais de R$ 50 mil e conseguiu reverter para monitoramento eletrônico. O pai do filho de Carolina, Douglas Barros, entrou com recurso para tentar invalidar decisão que livrou o estudante da prisão, mas o pedido foi rejeitado pelo juiz Carlos Alberto Garcete na última sexta-feira (17).