Sete detentos serão transferidos após morte

Foi controlado o motim iniciado na manhã desta sexta-feira (24) na cela 13 da PED (Penitenciária Estadual de ), município distante 228 quilômetros de Campo Grande. Sete presos que haviam feito outros dois reféns após o assassinato de um interno foram levados até a delegacia do 2º DP (Distrito Policial) e deverão ser transferidos para outra unidade penal. Foi descartado eventual confronto entre facções criminosas.

O clima ficou tenso na maior penitenciária de segurança máxima de Mato Grosso do Sul depois que agentes penitenciários encontraram o corpo de José Alécio dos Santos, de 35 anos, decapitado no corredor da ala disciplinar. A vítima cumpria pena por roubo e homicídio desde 2009 e foi assassinada pelo detento Rogério Lourenço dos Santos, segundo a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário).

Por causa do motim com dois reféns, equipes do 3º BPM (Batalhão de Polícia Militar) foram enviadas à penitenciária para auxiliar nas negociações que já eram conduzidas desde o primeiro instante por agentes penitenciários. Comandante da corporação no município, o tenente-coronel Carlos Silva alegou que a situação estava relativamente tranquila, apesar da morte.

No final da manhã, a Agepen divulgou nota na qual informou que “a ação foi um fato isolado e não envolveu o restante das galerias do estabelecimento prisional”. “A Agepen está apurando as circunstâncias dos fatos e a morte será investigada pela Polícia Civil. A perícia técnica está na penitenciária realizando as averiguações necessárias. O clima na unidade prisional está aparentemente tranquilo”, declarou, descartando confronto entre facções criminosas.

A pedido dos próprios presos amotinados, a subseção de Dourados da OAB –MS (Seccional de Mato Grosso do Sul da Ordem dos Advogados do Brasil) enviou sua Comissão de Direitos Humanos para acompanhar a situação. No final da manhã, advogado Osmar Blanco, que preside a comissão, relatou falta de servidores na penitenciária.

“Houve um trabalho rápido dos agentes penitenciários para controlar esse princípio de motim na cela 13 com mais de sete detentos. Mas observamos aqui que falta material humano, esperamos que mais agentes sejam convocados. Só foi na cela 13 que esses internos fizeram isso. Foi um fato entre eles, não teve proporção maior. A cela forte precisa de mudança na estrutura, trazendo segurança para agentes e internos”, afirmou o advogado, lembrando que a PED foi projetada para 600 internos e hoje 2.500 presos.

Ao deixar a penitenciária, equipes da Polícia Civil e da Perícia Técnica retiraram facas artesanais e outras armas improvisadas que estavam dentro da cela onde houve o motim.

O Jornal Midiamax apurou as identidades dos presos que serão transferidos, confira:

Gerson Nascimento de Andrade, de 35 anos, o ‘Alemão', já cumpriu pena por crimes como tentativa de latrocínio, roubo seguido de morte. O campo-grandense foi condenado em 2005, preso e conseguiu fugir ao obter saída para passar o Dia das Mães em casa. Em 2009 ele foi recapturado, mas em 2015, novamente fora do presídio, foi detido depois de ser esfaqueado pelo ex-marido da esposa. Ele tinha pendências por não pagar pensão alimentícia e também já teve passagem por tráfico de drogas e por estupro.

Rogério Lourenço dos Santos, de 22 anos, o ‘Israel', foi preso em agosto de 2016 em Fátima do Sul, quando tentava aplicar o golpe do falso frente com outros comparsas, a mando de um presidiário. Ele foi transferido em janeiro para a PED (e já tem passagens por tráfico de drogas e furto.

James Willian Rodrigues da Rocha, de 22 anos, natural de Campo Grande, já tinha sido preso em 2015, na Capital, por furto. Na época ele foi detido pelas vítimas e amarrado. Em março de 2016, já em liberdade, ele foi preso novamente em Dourados após furtar uma motocicleta.

Davidsn Almiro dos Santos Oliveira, de 33 anos, o ‘Terrorista', foi preso em outubro de 2016 por tráfico de drogas. Ele também é natural de Campo Grande e foi detido em Amambai, transferido para o Presídio de Dourados em dezembro do mesmo ano.

Maycon Braga Prado, de 22 anos, o ‘Neguinho', campo-grandense, foi preso na Capital em 2014 depois de estuprar uma menina de 13 anos na antiga rodoviária. Menos de um ano depois ele, que já estava em liberdade, foi preso em Maracaju por matar um rapaz de 26 anos a facadas. Ele ainda tem passagem por furto.

Everton Calixto Flores, de 25 anos, o ‘Betão', cumpre pena por furto. Ele foi preso em setembro de 2016 e cumpria pena no Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande, mas foi transferido para Dourados em dezembro do mesmo ano, junto com outros detentos que tentaram iniciar um motim.

Danilo Maurício Souza Ferreira, de 21 anos, o ‘Wolwerine', tem passagem pela polícia por tentativa de furto e por falsa identidade. Ele foi preso em junho de 2016, em Dourados e deu entrada no PED em julho.

(Colaborou Adilson Domingos)