Criminalista diz que ‘perdão’ da vítima não barra processo
De nada adianta os jovens flagrados por meio de imagens captadas por um aparelho celular espancando um rapaz de 18 anos de idade, em um bairro de Campo Grande, pedirem desculpas e a vítima dizer que não é intenção sua em processá-los judicialmente. Por lei, a polícia tem de apurar a questão e levá-la adiante até que os agressores sejam julgados pelo ato.
O episódio ocorreu na saída de uma festa, no bairro Jacy, dia 18 deste setembro, 17 dias atrás. Uma das pessoas que viu a truculência gravou a cena e repassou-a para a polícia, que identificou os agressores. O caso tornou-se público ontem, terça-feira (4). A vítima teria urinado antes no carro de um dos valentões, o que deu início a uma sessão de pancadaria.
“Independentemente de representação, assim que a polícia toma conhecimento do caso, precisa investigá-lo. É uma obrigação”, disse Renê Siufi, um dos renomados advogados da área criminalista da cidade.
Para Siufi, o desfecho da apuração deve apontar se a agressão evidencia em crime de lesão corporal de natureza grave, leve ou até uma tentativa de homicídio.
“Isso [resultado da investigação] vai depender da interpretação do delegado”, afirmou Renê Siufi.
TENTATIVA DE HOMICÍDIO
O Midiamax tentou conversar com o delegado Fabiano Góes Nagata, responsável pela investigação, na manhã desta quarta-feira, mas ele participava de uma reunião.
Ontem, terça-feira (4), contudo, antes da manifestação do advogado de um dos agressores dizer que a vítima disse que não vai denunciar a surra que levou, Nagata afirmou ter instaurado inquérito por tentativa de homicídio.
O advogado de um dos agressores, que seria estudante de Administração, afirmou que o rapaz que surrou a vítima teria ficado abalado com o caso e buscado ajuda psicológica. As imagens do episódio foram parar na imprensa e redes sociais, causando forte reação entre os internautas.
Ainda segundo o advogado, seu cliente procurou a vítima e pediu-lhe desculpas. Um parente do rapaz que apanhou teria dito que o caso deveria ser esquecido e que não seria tocado adiante, ou seja, sem queixa na polícia.
CASO
Dois jovens estão sendo investigados por tentativa de homicídio depois de espancarem um rapaz de 18 anos, que teriam urinado no carro de um deles na saída de uma festa, promovida na Vila Jacy, em Campo Grande. O caso chegou ao conhecimento da polícia após a ‘punição’ ser filmada e divulgada nas redes sociais.
O vídeo chegou até um policial, que identificou e localizou os ‘pitboys‘, gíria aplicada aos jovens aparentemente fortes e, normalmente, praticantes de artes marciais, e que se envolvem em brigas. Nas imagens, é possível ver que um dos agressores é bastante forte.
Segundo as informações da polícia, as agressões aconteceram no dia 18 de setembro. O delegado Fabiano Goes Nagata, da 1ª Delegacia de Polícia Civil, informou que a dupla, de 19 e 21 anos, saia de uma festa quando descobriu que a vítima havia urinado no carro de um deles, um veículo Renault. Diante do fato, conforme o delegado, os rapazes passaram a agredir o jovem de 18 anos, com chutes e socos na cabeça.
Testemunhas que presenciaram o crime começaram a filmar as agressões e a todo o momento pediam para que os autores parassem. Um deles tenta, inclusive, separar a confusão.
Nas imagens, é possível ver um dos suspeitos, identificado como estudante de administração, afirmando que mataria a vítima. A vítima levou um chamado ‘mata leão’, golpe que o desmaiou no chão.
Conforme o delegado, o vídeo chegou ao conhecimento da polícia no dia 18 de setembro e, no mesmo dia, os investigadores localizaram os dois suspeitos. “Eles já foram ouvidos e pela gravidade da intenção dos autores, abrimos inquérito por tentativa de homicídio”, explicou Nagata.
A vítima também já prestou depoimento na delegacia e agora a polícia aguarda o laudo do exame de corpo de delito para encerrar o inquérito, que será encaminhado para o Ministério Publico Estadual. A equipe do Jornal Midiamax tentou contato com um dos autores, mas não foi atendida.
O Midiamax optou por não identificar nem vítima nem autores, até que o caso tenha desdobramento judicial.
Confira o vídeo aqui.