Veículos ‘bob’ e até dinheiro falso são ofertas de grupos locais

Grupos no Facebook e WhatsApp de comercialização de veículos irregulares e até dinheiro falso são cada vez mais comuns e rendem investigações policiais e prisões. Na última semana, a divulgação de dinheiro falso em um grupo de classificados de Campo Grande foi descoberta pela Polícia Civil e encaminhada para a Polícia Federal.

O anúncio, feito no grupo aberto que conta com mais de 38 mil membros, oferece R$ 1.000 em dinheiro falso por R$ 200. O ‘vendedor’ ainda fortalece a propaganda “Passa na caneta e teste da luz ultravioleta, marca d’água, alto-relevo, papel áspero e fino, idêntico ao da moeda, coloração idêntica, marca holográfica brilhosa e espelhada”.

A negociação é feita através das redes sociais e o vendedor encaminha as notas pelos Correios. Parece atrativo? O caso é comum e a divulgação é feita em vários grupos do Facebook ou via WhatsApp, mas o vendedor que fez divulgação pelo grupo de Campo Grande já está sob a mira da Polícia Federal.

Segundo o delegado Maércio Alves Barboza, da Dedfaz (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações e Falsificações), o caso recente foi descoberto por investigadores, que entraram em contato com o suposto vendedor, que afirma morar em São Paulo (SP). Como o crime de moeda falsa qualifica um crime federal, já que a emissão de moeda é de responsabilidade da União, foi encaminhado ofício para a PF com documentos que desencadearam uma investigação.

Também conforme o delegado, o criminoso pode ser investigado através de qualquer meio que faça a informação chegar até a polícia. Conforme o artigo 289 do Código Penal, que trata da falsificação de dinheiro, a pena varia de 3 a 12 anos de reclusão.

Veículos ‘bob’

Grupo de venda de veículos ‘bob’ ou ‘finan’ no Facebook também são comuns entre os campo-grandenses. E não se trata de veículos furtados ou roubados – para esses os ‘vendedores’ utilizam grupos mais reservados, normalmente no WhatsApp. Os veículos ‘bob’ normalmente são adulterados ou estão com documentações vencidas. Já os ‘finan’ são veículos comprados por meio de financiamento e que não foram quitados, mas são revendidos rapidamente.

O delegado Gustavo Ferraris, da Defurv (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos de Veículos), afirma que para haver investigação dos veículos é necessária materialidade. Normalmente os veículos que apresentam irregularidades são apreendidos pela Polícia Militar e encaminhados ao Detran (Departamento de Trânsito), que encaminha o caso para a Defurv. “Normalmente as pessoas que compram por sites de anúncio sabem das irregularidades nas documentações”, aponta o delegado.

Ainda conforme Ferraris, a maioria dos veículos ‘bob’ são apreendidos por falta de pagamento do IPVA (Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e atraso na documentação. Além disso, grande parte dos veículos que são comercializados desta forma são motocicletas. Prática comum, a venda dos ‘finan’ configura crime de estelionato e resulta em investigação policial, indiciação e prisão.

De acordo com o delegado, os inquéritos policiais chegam a indiciar cinco, seis pessoas pela prática ilegal. Há uma rápida movimentação no comércio do veículo irregular e os compradores podem até responder por receptação. “A pessoa compra e roda pouco tempo com o veículo até revender. E por aí vai, até a polícia apreender o veículo”, afirma Ferraris.

Sem divulgar números de prisões, a autoridade faz o alerta: “É sempre importante checar o veículo, procurar o Detran, um despachante, fazer verificação do chassi, número de motor e ver se batem com o número da placa. Também verificar se a cor do veículo é compatível com o que consta na documentação e se está tudo em dia”. A vítima, mesmo que não saiba das irregularidades, se comprar veículo adulterado, furtado ou roubado, pode responder por receptação culposa.