Confronto em fazenda ocupada tem um índio morto e sete feridos

Propriedade foi ocupada domingo

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Propriedade foi ocupada domingo

Confronto entre índios e fazendeiros em Caarapó, cidade a 273 quilômetros de Campo Grande, terminou com um morto. O índio Cloudione Rodrigues Souza, de 26 anos, da etnia guarani-kaiowá, era agente de saúde indígena, e foi morto a tiros. Pelo menos outros 7 ficaram feridos e foram encaminhados a hospitais da região.

Lideranças afirmam que há uma segunda vítima fatal, informação ainda não confirmada.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, equipe foi acionada às 10h50 para ir até a Fazenda Yvu, onde ocorreu o confronto. No local, a informação passada aos socorristas é de que os índios estariam ocupando a propriedade e teria ocorrido confronto com os fazendeiros.

Os feridos foram encaminhados ao Hospital Beneficente São Mateus. De lá, quatro foram transferidos para Dourados, para o Hospital da Vida, onde um morreu. Os bombeiros retornaram ao local já por volta das 12 horas pois haveria outros feridos na fazenda.

Até o momento não foram divulgados os nomes dos feridos.  A Polícia Militar informou, no começa da tarde, que três policiais que foram ao local chegaram a ficar refém dos índios.

Polícia Federal e MPF (Ministério Público Federal) estão enviando equipes para a região, assim como o DOF (Departamento de Operações de Fronteira)

A ocupação

Cerca de 600 indígenas da etnia Guarani-Kaiowá estão, desde o último domingo (12), ocupando a fazenda. A área reivindicada faz parte, segundo a comunidade, do território Tey’i Juçu e fica ao lado da aldeia Tey Kue.

Em entrevista ao Jornal Midiamax, aLorivaldo Nantes, 55, membro da comunidade, afirmou que a área foi desapropriada pelo antigo SPI (Serviço de Proteção ao Índio), durante a década de 1920. “É confinamento, foi feito pelo SPI. A gente já perdeu nossos bisavós, avós, já se arrasta por muito tempo”. Ele diz que 55 mil hectares foram perdidos e estão sendo reivindicados.

Segundo ele, já está em processo de homologação como terra indígena. “Já é reconhecido, já está publicado, mas ainda está sob domínio do fazendeiro”. Segundo o site do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), o Relatório de Identificação e Demarcação do local foi finalizado em 2015, tendo sido iniciado em 2008, e está em condições de publicação, dependendo da ação da Funai (Fundação Nacional do Índio).

Ainda de acordo com o Cimi, entre 20 de dezembro de 2015 e 12 de janeiro de 2016, pelo menos quatro ataques foram denunciados pelos guarani kaiowá na retomada Tey’i Juçu. Em janeiro deste ano, o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu uma reintegração de posse na área em favor dos fazendeiros.

A reportagem ainda não conseguiu contato com os proprietários da fazenda.

(Matéria editada às 15h58 para a atualização das informações)

 

 

 

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