Um grupo formado por entidades de diversidade e a OAB/MS pede explicações à Depac

O desfecho de uma briga generalizada que teria envolvido quatro travestis e mais de dez mototaxistas provocou protesto na manhã desta quinta-feira (12) na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro de . Representantes de entidades ligadas ao direito de minorias e a OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Mato Grosso do Sul) pedem explicações sobre o motivo para apenas uma travesti ter sido detida ao final da confusão.

A baixaria aconteceu por volta de 1 hora de terça-feira (10), quando quatro travestis, uma delas adolescente, andavam pela Avenida Afonso Pena na esquina com a Rua 13 de Maio e se desentenderam com mototaxistas. Elas dizem que foram xingadas por eles e uma teria voltado para ‘tirar satisfação'. Um mototaxista afrodescendente teria se apresentado como o autor e começou um bate-boca.

Travestis e mototaxistas começaram a se agredir, e elas dizem que eram só quatro contra um grupo bem maior. Alegam que levaram socos, chutes e golpes com capacetes, mas somente as travestis teriam sido detidas pela polícia, que esteve no local, com a alegação de terem chamado um dos motociclistas de “macaco”. Elas foram algemadas e encaminhadas para a Depac do Centro.

Ficaram na mesma cela dos demais presos, depois foram retiradas e separadas. As travestis alegam ainda que não tiveram acesso ao boletim de ocorrência e consideram desproporcional a prisão, já que o suposto crime de não foi levado em consideração.

Por conta dessas denúncias é que a presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil, Cris Stefanny, reuniu entidades ligadas à causa para pedir providências. Dentre elas, está a presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos da OAB/MS, Neyla Ferreira Mendes.

“Quero saber qual foi o critério para a prisão das travestis, pois já que houve agressões de ambos os lados, seja física ou preconceituosa, deveria haver o mesmo procedimento”, explica a advogada representante da OAB/MS.

O delegado plantonista da unidade informou que o grupo será recebido pelo responsável pela Depac e o grupo ‘acampa' no local aguardando.

A presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos da OAB/MS ainda revelou que vai fazer um documento sobre o caso. “Preciso ter acesso ao boletim de ocorrência lavrado, conversar com o delegado sobre como foi à prisão e o critério utilizado. A partir disso, vamos redigir um documento e encaminhá-lo para o secretário da Sejusp/MS (Secretaria do Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) pedindo explicações sobre este fato”, comenta.