Julgamento ocorre quase três anos após o crime

A argumentação de ‘negativa de autoria' é a estratégia para a defesa dos policiais militares Bonifácio dos Santos Júnior, de 39 anos, e Osni Ribeiro de Lima, de 38 anos, que são apontados em um processo de homicídio qualificado por motivo torpe, por meio que possa resultar em perigo comum e recurso que impossibilite a defesa do ofendido. A ação começou a ser presidida na manhã desta sexta-feira (15), na 2ª Vara do Tribunal do Júri de , pelo magistrado Thiago Magazawa Tanaka.

No processo consta que no dia 28 de outubro de 2012, na frente da casa noturna Santa Fé, que funcionava na Rua Brilhante, Vila Bandeirantes região sudoeste de Campo Grande, houve a morte de Ike César Gonçalves, e a tentativa de assassinato de Max Bruno de Souza Leite. O inquérito foi partilhado, sendo levado a júri popular o caso de Ike, porém Max Bruno será ouvido no plenário pelo magistrado.

“Osni estava lá, deu carona para Bonifácio, porém ele não sabia o havia ocorrido”, ressalta o advogado Pedro Paulo Centurião de um dos suspeitos. Já a defesa de Bonifácio, o advogado José Roberto Rodrigues da Rosa, falou que o cliente não fez nada e que a defesa seria sustentada para o júri, que hoje foi formado por três homens e quatro mulheres.

Familiares de Ike acompanham o julgamento sendo a mãe, quatro irmãos, a filha, a viúva, tia, avó e primos. “Não consigo entender como alguém mata outra pessoa e fica livre, achei que eles iriam ficar presos até o julgamento, mas não, estavam soltos”, disse a assistente financeira, Jaci Vieira Nascimento, de 52 anos, e mãe de Ike.

“Mas espero que a justiça seja feita hoje e ao fim deste julgamento, eles saiam presos daqui”, frisa Jaci para a equipe de reportagem do Jornal Midiamax.

Caso

O crime aconteceu durante a madrugada daquele dia. Bonifácio, militar, que era lotado na extinta Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e de Operações Especiais), teria efetuado vários disparos contra as pessoas que estavam na rua, por causa de uma briga. O policial foi detido com um colega, o também policial militar Osni que teria ajudado na fuga do suspeito.

No processo consta que Bonifácio estaria armado com um revólver que pertence à Sejusp/MS (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul). Ele teria efetuado um disparo contra a cabeça de Max Bruno, porém “não logrando êxito em seu intento por circunstâncias alheias à sua vontade (…), utilizando-se da mesma arma de fogo, efetuou um disparo contra a cabeça de Ike, acertando-o na região frontal e causando-lhe o óbito”, conforme consta em trecho da denúncia.

Eles chegaram a ficar detidos, mas Osni teve o pedido de HC (Habeas Corpus) deferido e posto em liberdade no dia 19 de dezembro de 2012. Já Bonifácio teve o pedido de liberdade concedido em 15 de abril de 2013.

Os dois sempre negaram os crimes em todas as oportunidades em que foram ouvidos, mas várias testemunhas afirmam que eles são os autores dos delitos. Durante a fase de instrução do processo foram ouvidas 17 testemunhas.