Condenado por desvio de dinheiro público, o ex-prefeito e ex-deputado Raul Freixes gravou um vídeo de 4min23seg, divulgado no Facebook ontem (16), em que diz só ter feito o bem, perdoa o juiz que deu a sentença e conta que conheceu “muita gente boa” na prisão.

Raul Freixes foi preso em 25 de agosto de 2013 por desvio de dinheiro público na Prefeitura de Aquidauana, a 143 quilômetros de Campo Grande. Ele foi condenado à época a quatro anos e oito meses de prisão, além de ter ficado impedido por cinco anos para o exercício de cargo ou função pública. Após uma crise nervosa, ele conseguiu na Justiça ser transferido para uma clínica psiquiátrica.

“Estive em sanatório e estive na prisão. Não me arrependo disso e nem guardo nenhum tipo de ressentimento em relação ao juiz, às autoridades constituídas. Eu os perdoo. Não sou eu que vou julgá-los. Eu sei que só fiz o bem. Só procurei ajudar as pessoas”, afirmou.

O ex-deputado disse ainda que foi vítima dos poderosos. “Lamento muito que a nossa política seja nojenta, que aqui em Mato Grosso do Sul exista uma república onde os grandes líderes, entre aspas, colocam no poder quem eles querem, tiram quem eles querem e não permitem que os verdadeiros idealistas ocupem as cadeiras nas Assembleias, nas Câmaras e nos governos. É por isso que eles estão absolutamente ricos”, declarou.

Sobrinho do desembargador João Carlos Brandes Garcia, Freixes foi dono da rádio FM Pan América de Aquidauana (100,9) e morava em uma das melhores casas de Aquidauana.

Ele falou ainda sobre o período difícil que está vivendo e disse estar tomando medicamentos controlados. O vídeo com a declaração de Raul Freixes recebeu diversos comentários favoráveis no Facebook.

Confira a transcrição da declaração na íntegra:

“Já faz algum tempo que a gente não se fala. A gente apenas se fala pelo Face. Agora eu resolvi falar, mostrando minha cara. E dizer para vocês que nesse período todo em que fiquei ausente, eu atravessei o deserto, foram momentos difíceis, estão sendo momentos extremamente difíceis. Eu tenho tomado todas as medicações controladas que você pode imaginar. Tenho ido ao terapeuta praticamente todos os dias. Os remédios é que estão me mantendo vivo. Estive em sanatório e estive na prisão. Não me arrependo disso e nem guardo nenhum tipo de ressentimento em relação ao juiz, às autoridades constituídas. Eu os perdoo. Não sou eu que vou julga-los. Eu sei que só fiz o bem. Só procurei ajudar as pessoas. De qualquer forma isso está servindo para alguma coisa, para me amadurecer.

Lamento muito que a nossa política seja nojenta, que aqui em Mato Grosso do Sul exista uma república onde os grandes líderes, entre aspas, colocam no poder quem eles querem, tiram quem eles querem e não permitem que os verdadeiros idealistas ocupem as cadeiras nas Assembleias, nas Câmaras e nos governos. É por isso que eles estão absolutamente ricos. O que me revolta particularmente é que não existem quem os fiscalize, que vá, por exemplo, às fazendas e conte as cabeças de bois, ou a própria Receita Federal levantar a situação das famílias que estão extremamente ricas, com suas mansões seus carros sendo exibidos em todos os cantos. A impunidade nesse Estado é muito grande. Eu fico triste com isso. Estou prostrado. Minha vida praticamente se acabou. Ela só não acabou porque Deus não permitiu. Estou tentando me reerguer graças as orações que as pessoas fazem, as igrejas fazem, seja católica, seja evangélica, espírita, não importa. Os cristãos fazem. Meus amigos falam comigo, são solidários. Graças a essas pessoas que estou vivo.

O Raul, ele não morreu. Ele está vivo. Ele está fora de cena. Não sei quando é que Deus vai me colocar de novo no seu filme. Não sei quando Deus vai me colocar de novo como personagem do seu enredo. Pode ser que coloque, pode ser que não coloque. De repente Deus resolve me tirar de vez do seu Cast. Quero mandar uma mensagem a todos, ao juiz, aos desembargadores, que Deus lhes abençoe e que Deus lhes dê o discernimento, que o inimigo não tenha poder sobre vocês. Estar junto com os presos foi uma honra para mim, conheci gente muito boa. No sanatório conheci gente muita boa, tanto da parte administrativa como entre os meus colegas com insanidade mental. Eu descobri, gente, que existem mais louco fora do presídio do que dentro dos presídios. Fora é uma loucura total. Lá dentro somos tratados, somos cuidados. Obrigado, Deus os abençoe. Beijo carinhoso a todos vocês. Obrigado.”