A discussão das “Franciscas”, uma síndica e a outra condômina, que se arrasta por mais de uma década, quase acabou em tragédia na última reunião dos 560 moradores do Eudes Costa, localizada na Rua Abrão Júlio Rahe, entre a e a Alagoas.

Francisca Francinete Leite, 60 anos, segundo a polícia, tentou atirar contra a síndica Francisca de Assis Santos, 65 anos, e foi presa em flagrante. Na 1°DP (Delegacia de Polícia), durante coletiva realizada na manhã desta sexta-feira (20), a suspeita aproveitou a oportunidade para dar a sua versão sobre os fatos.

“Faz 28 anos que sou proprietária de uma casa no local e tenho uma barraca de cachorro quente há 18 anos no condomínio. Antes, tinha o outro síndico e ele manteve um contrato de locação comigo por seis anos. Quando a Francisca se tornou síndica, há 12 anos, perguntei a ela como ficaria o meu caso e ela respondeu que não iria me cobrar nada, já que eu tinha família e vendia o lanche a R$ 1. Mas ela sempre humilhava as pessoas em volta, a cabeleireira ela dizia que catava piolho e cuidava de chulé e a mim outras ameaças, então eu estava cansada e só queria dar um susto nela”, afirma Dona Tina, como Leite é conhecida.

Muito arrependida do crime, Leite conta que o momento de fúria na reunião do prédio, em que ela sacou a arma da bolsa, foi quando a síndica a mandou calar a boca. “Ela falou que iria me cobrar judicialmente pelo aluguel atrasado do trailer e eu falei que a notificação deveria ser para todos que devem. Agora, a dívida chega a R$ 65 mil e eu não tenho como pagar por isso”, diz Leite.

De acordo com o delegado Fábio Sampaio, a briga de ambas se agravou após a justiça mover uma ação de bloqueio da conta e um veículo da suspeita. “A partir daí as ameaças pioraram. A suspeita levou uma arma calibre 32 e munições na bolsa. Ela disse que não tinha intenção de matar, mas se esse caso não chegasse à polícia, provavelmente acabaria em morte. Neste ano, inclusive, a própria síndica já tinha registrado um boletim de ameaça contra a Francisca Leite. Agora, ela será indiciada por porte ilegal de arma e tentativa de homicídio”, explica o delegado.

O delegado explicou que o caso será agora encaminhado a justiça. “A polícia não cabe decretar fiança e sim ao judiciário, que vai julgar o caso. O marido da suspeita e um condômino que a estavam escondendo da polícia também foram indiciados por favorecimento pessoal. Ela estava escondida embaixo de um guarda-roupa, com a intenção de se apresentar depois, mas foi presa em flagrante”, finaliza o delegado.