Protesto do prefeito de Dourados, preso há 50 dias, tem a ver com a decisão de ontem do TJ-MS, que negou a ele a liberdade condicional

O prefeito da cidade de Dourados, Ari Artuzi, sem partido, preso desde o dia 1º de setembro passado, já afastado do cargo por suspeitas de corrupção, confidenciou a parentes seus que a partir de amanhã, quinta-feira, não deve consumir nenhuma das três refeições oferecidas a ele na prisão.

A greve de fome seria um manifesto contra a decisão do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), que rejeitou o pedido de liberdade dele em audiência promovida ontem. Ele está detido por força de mandado de prisão preventiva.

O desejo de protestar contra o manifesto judicial foi confirmado por próximos de parentes do prefeito que moram em Dourados. Artuzi teria dito isso na manhã desta quarta-feira.

O TJ-MS negou a liberdade ao prefeito por interpretar que ele solto poderia motivar uma “instabilidade social” em Dourados.

Já o advogado do prefeito, Carlos Marques, achava ontem antes da audiência que ia convencer porque “ele [Artuzi] já teve os bens tidos como indisponíveis, foi afastado do cargo, denunciado e apresentou a defesa”, disse o defensor que acredita que manutenção da prisão do prefeito tem mais caráter político do que jurídico.

A reportagem quis ouvir o defensor hoje sobre suposta greve de fome do prefeito, mas ele não atendeu o celular. Policiais que cuidam da delegacia que abriga a cela onde fica o prefeito disseram que nada sabiam sobre o manifesto do prefeito.

De acordo com a investigação da PF, Ari Artuzi seria o chefe de um esquema que fraudava licitações públicas.

O dinheiro arrecadado era distribuído entre ele e os vereadores da cidade. Imagens captadas por equipamentos da PF exibem Artuzi e os parlamentares contando somas catadas por meio da trama.

A prefeitura de Dourados é comandada hoje pela presidente da Câmara dos Vereadores, Délia Razuk, do PMDB.