MP denuncia Mizael e vigia à Justiça pela morte de Mércia

O promotor Rodrigo Merli Antunes, do Ministério Público de Guarulhos, na Grande São Paulo, confirmou na tarde desta segunda-feira (2) que ofereceu denúncia à Justiça contra Mizael Bispo de Souza e o Evandro Bezerra Silva. Os dois são suspeitos da morte da advogada Mércia Nakashima, que desapareceu no dia 23 de maio. O corpo e […]

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O promotor Rodrigo Merli Antunes, do Ministério Público de Guarulhos, na Grande São Paulo, confirmou na tarde desta segunda-feira (2) que ofereceu denúncia à Justiça contra Mizael Bispo de Souza e o Evandro Bezerra Silva. Os dois são suspeitos da morte da advogada Mércia Nakashima, que desapareceu no dia 23 de maio. O corpo e o carro dela foram encontrados dias depois em uma represa de Nazaré Paulista, também na Grande São Paulo.

A denúncia foi apresentada por volta das 13h30 desta segunda-feira no fórum de Guarulhos. Mizael foi denunciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e dificultou a defesa da vítima) e por ocultação de cadáver, como mentor intelectual e executor do crime.  Evandro vai responder pelos mesmos crimes, mas com duas qualificadoras (motivo torpe e dificultou a defesa da vítima), sendo citado pelo promotor como partícipe do homícidio e da ocultação de cadáver.

“O motivo torpe deve-se ao fato de ele ter idealizado e realizado o crime porque a vítima terminou o relacionamento amoroso com ele, em meado de setembro do ano passado. O meio cruel é porque ele teria antes de matar a vítima feito disparos de arma de fogo. O laudo necroscópico identificou pelo menos um projétil no braço da vítima. Um segundo que teria atingido a mão e um terceiro teria atingido de raspão a sua mandíbula. Além disso, ele a agrediu violentamente com um objeto contundente. Não foram os disparos que ocasianaram as fraturas do maxilar e nem da mandíbula. Para que haja a fratura do osso da mandíbula, seria necessária uma força muito maior do que o do disparo. Em sequência, a jogou na represa, provocando sua morte por asfixia. E, por último, Mizael dissimulou a sua intenção ao convidá-la, ocultando as suas verdadeiras intenções”, sintetizou.
O promotor anunciou também que endossou o pedido de prisão preventiva de Mizael Bispo feito pelo delegado Antonio de Olim, que conduziu o inquérito, alegando que há indícios suficientes de autoria do crime. Para o promotor, a quebra dos sigilos telefônicos e as contradições do ex de Mércia em seus depoimentos à polícia foram suficientes para que fosse pedida a prisão dele.

“O Mizael mentiu em seus depoimentos. Ele começou com uma versão e, a partir do rastreamento do seu veículo, nós descobrimos que na verdade ele se movimentou muito mais do que ele afirmou. Ele mencionou apenas os aparelhos celulares cadastrados no nome dele. Na sequência, nos descobrimos que ele tinha um outro celular não cadastrado em seu nome, para uso pessoal. Ele não ficou parado quatro horas no Hospital de Guarulhos com uma prostituta. Ele não comprovou o álibi dele. E os dados técnicos (rastreamento das ligações telefônicas) que dão o trajeto feito por ele são compatíveis com a confissão do Evandro em seu primeiro depoimento”, afirmou.

Mizael, que já teve a prisão preventiva decretada e suspensa, permanece solto. Evandro está preso temporariamente em um distrito policial em Guarulhos. Ambos negam o crime. Os documentos foram entregues ao juiz Leandro Bittencourt Cano, que irá analisá-los e decidirá se acolhe ou não a denúncia.
Se a Justiça aceitá-la, os acusados serão citados e passam a ser réus no processo. Mizael e Evandro serão então chamados a prestar esclarecimentos no fórum de Guarulhos, durante a fase de instrução. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, o juiz terá um prazo de cinco dias para se manifestar a partir do recebimento dela.

O promotor disse também que pediu o prosseguimento na reliazação de diligências – 18, no total – diligências para investigar a participação ou não do irmão de Mizael, Altair Bispo, no crime. “O inquérito conclui que os contatos (telefônicos, no dia 23 de maio) foram posterior ao ocorrido. Desde já, não dá para indiciá-lo, mas vamos averiguar se esse contato foi só posterior ou se ele (Altair) já tinha conhecimento do que viria acontecer. Para mim, não ficou elucidado qual a participação do Altair depois daquelas 27 ligações”, explicou.

Além disso, o promotor, para fundamentar ainda mais a denúncia, pediu os laudos da perícia realizada no veículo de Mércia Nakashima, dos objetos apreendidos na casa de Mizael Bispo e confirmou que será realizada a reconstituição do crime, apesar de que esta não deverá contar com as presenças dos denunciados. “A reconstituição servirá para comprovar o depoimento do pescador que presenciou o carro sendo arremesado na represa, pois sem ele ainda não teríamos encontrado o corpo da Mércia nem o carro”, afirmou.

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