Irã anula sentença de morte e ordena novo julgamento de ativista dos direitos das mulheres

Ela foi condenada à morte no início de julho após ser presa na região de Gilan, no norte do Irã.

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(Reprodução/IranHumanRights.org)

A Suprema Corte do Irã anulou a sentença de morte e ordenou a realização de um novo julgamento no processo contra a ativista pelos direitos das mulheres e dos trabalhadores, Sharifeh Mohammadi. A informação, dada pelo advogado dela, Amir Raisian, foi divulgada no sábado (12) pelo jornal reformista Shargh.

Ela foi condenada à morte no início de julho após ser presa na região de Gilan, no norte do Irã.

Mohammadi foi acusada de ser membro do partido Kamala, um grupo separatista curdo sediado no Iraque que as autoridades iranianas classificam como uma organização terrorista. 

Há muito tempo o Irã acusa grupos curdos iranianos exilados no Iraque de fomentar a instabilidade no país. O povo curdo habita tradicionalmente partes do sudeste da Turquia, norte do Iraque, oeste do Irã e nordeste da Síria.

A ONG de direitos humanos Anistia Internacional divulgou em nota que o julgamento da ativista era injusto e que as denúncias dela de torutra e outros maus tratos nunca foram investigados. “Ela defendeu os direitos das mulheres e dos trabalhadores, assim como a abolição da pena de morte. Até 2022, era membro de um comitê de trabalhadores, em um país onde os sindicatos trabalhistas estão proibidos”.

Irã é o 2º país com mais execuções

O Irã viveu meses de protestos desencadeados pela morte da jovem curda Jina Mahsa Amini, em setembro de 2022, enquanto estava sob custódia da “polícia da moralidade”. Ela foi presa ao ser acusada de não observar adequadamente o rigoroso código de vestuário imposto às mulheres iranianas, ao supostamente usar um hijab de maneira indevida. Várias pessoas foram condenadas à morte por envolvimento nas manifestações em massa que ocorreram em diversas partes do país.

De acordo com a AI, o Irã é país que realiza o segundo maior número de execuções anualmente em todo o mundo, depois da China. Grupos de direitos humanos acusam Teerã de visar de maneira desproporcional os curdos, bem como a minoria étnica predominantemente sunita Baloch no sudeste do país, punindo-os com frequência com a pena de morte.

De acordo com a agência de notícias Human Rights Activist News (HRANA), pelo menos 811 pessoas foram executadas no Irã entre 10 de outubro de 2023 e 8 de outubro de 2024. Detentos em mais de vinte prisões iranianas têm feito protestos contra a pena de morte por vários meses, incluindo greves de fome.

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