Dois jornalistas do Afeganistão foram espancados durante horas por agentes do Talibã, depois de cobrirem um protesto na capital Cabul, nesta quarta-feira (8). Eles foram retidos durante uma manifestação e levados a uma delegacia local, onde relatam terem sido agredidos com cassetetes, cabos elétricos e açoites por serem acusados de organizar o ato.

O repórter Taqi Daryabi e o fotógrafo Nematullah Naqd trabalham para o periódico Etilaat Roz e foram abordados enquanto documentavam um protesto de mulheres que exigiam o direito ao trabalho e à educação.

Segundo relatos de Naqdi à agência francesa de notícias AFP, um integrante do Talibã o interrompeu enquanto ele estava tirando fotos. O agente disse que ele não poderia gravar e ainda tentou agarrar sua câmera, que foi entregue a alguém na multidão. Três combatentes do grupo fundamentalista o encaminharam então à delegacia, onde começou a sessão de tortura. “Um dos talibãs colocou o pé na minha cabeça, esmagou meu rosto contra o concreto. Eles me chutaram na cabeça. Achei que eles iam me matar”, contou o fotógrafo. Ele ainda disse que os agentes o acusaram de ser o organizador da manifestação e que tinha sorte de não ter sido decapitado.

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Jornalistas foram liberados sem explicações.
Foto: Wakil Kohsar/STF

Na noite desta quarta-feira, o grupo declarou as manifestações ilegais salvo em caso de permissão concedida pelo Ministério da Justiça.

O fotógrafo foi colocado em uma cela lotada, onde encontrou seu colega, que também havia sido preso e espancado. Algumas horas depois, a dupla foi libertada sem explicações. “Sentíamos tanta dor que não podíamos nos mover”, afirmou o repórter Daryabi.

O Talibã afirma que defenderá a liberdade de imprensa de acordo com princípios islâmicos não explicados. No entanto, as perseguições a jornalistas vêm crescendo durante coberturas de protestos no país. Dezenas de profissionais relataram terem sido agredidos, detidos ou impedidos de exercer sua atividade.