Com uma longa carreira política e marcado por uma tragédia pessoal, o ex-vice-presidente Joe Biden entrou na corrida presidencial dos como grande favorito, mas precisou conquistar cada voto para obter a nomeação do Partido Democrata. Nesta terça-feira (29), ele se encontra pela primeira vez com o adversário Donald Trump no primeiro debate entre os candidatos.

Aos 78 anos, o democrata pode ser o mais velho a tomar posse como presidente, caso seja eleito. O recorde atual é do próprio Trump, que tinha 70 anos ao assumir o cargo em 2017.

Foi senador entre 1973 e 2009 pelo estado de Delaware. Em 1988, sua campanha para presidente não durou muito. Tentou novamente em 2008, mas ficou novamente para trás. Por fim, o senador Barack o escolheu para ser vice em sua chapa vitoriosa.

Biden foi sondado para suceder Obama em 2016, mas preferiu dar lugar à ex-secretária de Estado (cargo equivalente ao de ministro das Relações Exteriores do Brasil) Hillary Clinton. Ela venceu no voto popular, mas perdeu para Trump no Colégio Eleitoral.

Campanha

O principal mote da candidatura democrata é o antagonismo ao que representa o atual presidente e adversário, Donald Trump. A candidata a vice-presidente é a senadora Kamala Harris.

“Se dermos oito anos para Donald Trump na Casa Branca, ele alterará para sempre e fundamentalmente o caráter desta nação, quem nós somos. Não posso ficar parado assistindo isso acontecer”, disse Biden ao lançar sua campanha, em abril de 2019.

A pré-campanha do ex-vice-presidente foi fraca, sendo superado por outros adversários na corrida pela nomeação. Ele só se recuperou em 3 de março, na chamada Super Terça, dia em que americanos em vários estados escolhem quem deve representar o partido na eleição.

Seu estilo moderado de fazer política coloca em dúvida suas chances de derrotar Trump, algo que a ala mais progressistas do partido afirma estar fora de sintonia com a guinada à esquerda defendida por eles.

Este último argumento, no entanto, parece ter perdido peso depois da Super Terça, já que boa parte do establishment democrata se consolidou em torno de Biden. Este movimento é fundamental para Biden conseguir arrecadar mais dinheiro.

O pragmatismo do democrata é uma das apostas para superar o estilo belicoso de Trump. Ele também aposta em colar sua imagem à de Obama para conquistar o eleitorado negro e latino.

Biden depende desses dois grupos e de uma série de fatores para vencer Trump. É incomum um adversário conseguir tirar o atual presidente da Casa Branca, mas os democratas apostam na insatisfação de parte da população para atingir esse objetivo.

E não basta ganhar nas urnas. A eleição presidencial americana é indireta. É o Colégio Eleitoral quem escolhe de fato o chefe do Executivo. Para se eleger, o candidato deve obter 270 votos.

Nas eleições de 1824, 1876, 1888, 2000 e 2016, o vencedor não obteve a maioria dos votos da população, apenas no colegiado. Se houver empate, a Câmara dos Representantes escolhe o presidente e o Senado elege o vice. A eleição ocorre em 3 de novembro e a posse está marcada para 20 de janeiro de 2021.

Vida pessoal

A vida de Biden foi marcada por tragédias pessoais: em 1972 ele perdeu sua mulher e sua filha em um acidente de carro, no qual seus filhos Beau e Hunter também ficaram gravemente feridos.

Os dois se recuperaram e Beau tentou seguir os passos de seu pai na política. Tornou-se procurador-geral de Delaware, onde pensava em candidatar-se a governador, mas foi obrigado a desistir depois de descobrir um câncer no cérebro.

Beau morreu em em 2015, aos 46 anos, em consequência deste câncer. A perda do filho foi um dos principais fatores que fizeram Biden desistir de concorrer à presidência em 2016.

O filho mais novo de Biden, Hunter, esteve no centro de um escândalo em 2019 depois que Trump pediu a seu colega ucraniano Volodimir Zelenski que investigasse seus negócios na Ucrânia.

Hunter atuou no conselho de administração de uma empresa estatal de gás ucraniana enquanto Biden era vice-presidente, o que fez Trump acusar o ex-vice-presidente de corrupção ao agir para favorecer o filho.

Esse suposto pedido de interferência de Trump a um líder estrangeiro foi o principal motivo para Câmara dos EUA abriu um processo de o presidente. Aprovado nesta Casa em 18 de dezembro, o impeachment foi barrado no Senado em fevereiro.

Hoje, é casado com a professora Jill Jacobs.

As informações são da CNN Brasil, do jornal O Estado de S.Paulo e da agência internacional AFP.