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‘Queremos quebrar os estereótipos’, diz candidata transgênero no Paquistão

Segunda maior nação muçulmana do mundo, o Paquistão tem pela primeira vez em sua história a presença de candidatos transgêneros na disputa por assentos nos parlamentos provinciais e nacional  nas eleições gerais desta quarta-feira (25). Um desses 13 candidatos é a professora Nayyab Ali, 26, que concorre nacionalmente pelo pequeno partido Pakistan Tehreek-e-Insaf Gulalai (PTI-G)....
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Segunda maior nação muçulmana do mundo, o tem pela primeira vez em sua história a presença de candidatos transgêneros na disputa por assentos nos parlamentos provinciais e nacional  nas eleições gerais desta quarta-feira (25).

Um desses 13 candidatos é a professora Nayyab Ali, 26, que concorre nacionalmente pelo pequeno partido Pakistan Tehreek-e-Insaf Gulalai (PTI-G). “Não temos aceitação no Paquistão. Estamos disputando porque apenas uma pessoa transgênero pode levar adiante a pauta trans no Parlamento”, disse Ali à reportagem.

“Não há conceito político hoje sobre os direitos dos trans para a maioria da população. Não há sequer entendimento sobre o que é um transgênero”, disse.

“Pode ser que eu ganhe ou que eu perca, mas creio que após as eleições, a conscientização vai aumentar. Queremos quebrar o estereótipo de que transgêneros só podem ser dançarinas e prostitutas.”

Ali diz que foi agredida fisicamente nas ruas de sua cidade, enfrentou ameaças de morte e uma tentativa de atentado por extremistas.

“Sempre que saía para fazer campanha, as pessoas faziam piada de mim como se eu não pudesse disputar ou vencer uma eleição”, ela conta.

Precisou pressionar o governo local para ter segurança policial. “Não tinha condições financeiras de pagar por seguranças privados”, diz. A petição, inicialmente, foi rejeitada. Ela insistiu. “Afinal, sou cidadã do Paquistão, tenho direito a segurança, e eles têm o dever de proteger todos os cidadãos.”

Não mais protegida após as eleições, Ali pensa em deixar sua cidade. “A percentagem de assassinatos por honra no Paquistão é muito alto, e eu não descarto que eu possa ser uma vítima.”

Como muitos dos estimados 500 mil trans no país (segundo ativistas), Ali foi rejeitada por sua família e acolhida quando tinha 8 anos de idade por um “guru” -sistema pelo qual uma pessoa mais velha abriga um trans em troca de parte de seus rendimentos.

Formada em botânica pela Universidade do Punjab, Ali acabou entrando para o ativismo social e daí para a política. Em fevereiro de 2017, ela fundou a primeira escola transgênero do Paquistão, da qual é CEO, em sua cidade natal, Okara (província do Punjab). Iniciativas semelhantes já foram criadas em Lahore e na capital paquistanesa, Islamabad.

Apesar de a homossexualidade ser ilegal, o Paquistão liberalizou o tratamento aos transgêneros, após o Conselho de Ideologia Islâmica ter declarado que uma pessoa trans aparece no conjunto de ensinamentos do profeta Maomé.

Em 2009, a Suprema Corte do Paquistão reconheceu oficialmente um terceiro sexo e determinou que todos os governos provinciais adotassem medidas reconhecendo os direitos dos trans.

Desde março deste ano, A Lei de Pessoas Transgêneros permite que homens e mulheres trans e pessoas intersexo podem optar por sua autoidentidade nos formulários oficiais, entre outros. Assim, uma pessoa nascida homem pode ter um passaporte feminino. Em tese.

Ali aparece nas cédulas por seu nome de nascença Muhammad Arsalan, mas identificada pelo gênero “X”. “Levaria uns cinco anos até eu conseguir mudar todos os documentos para meu nome.”
Apenas na província de Khyber Pakhtunkhwa, cuja capital é Peshawar, 55 transgêneros foram assassinados desde 2015, segundo a ONG local The Trans Action Alliance.

Nesta quarta, ativistas relataram que candidatos trans foram impedidos de votar em Lahore e observadores transgêneros acreditados pela Comissão Eleitoral foram impedidos pelas forças de segurança de entrar nas seções eleitorais em Peshawar.

Nove atentados foram registrados na província do Baluquistão, deixando cerca de 40 mortos e mais de 60 feridos. Em Quetta, capital da província, um dos ataques contra uma seção eleitoral deixou ao menos 30 mortos.

Quetta foi palco do maior atentado de toda a campanha, quando um ataque suicida deixou cerca de 150 mortos.

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