Carnaval de Portugal guarda origens da festa brasileira, com desfiles e animação
Festas geram receitas de 10 milhões de euros
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Festas geram receitas de 10 milhões de euros
Apesar de não ostentar, como o Brasil, o título de “país do carnaval”, Portugal tem uma grande tradição relacionada à festividade e guarda as origens da festa brasileira. O carnaval é celebrado principalmente em algumas regiões do país, como Torres Vedras, Loures, e nas ilhas da Madeira e dos Açores.
A tradição do carnaval em Portugal remonta a uma antiga celebração denominada “entrudo”, que antecedia a quaresma. O “entrudo”, que marcava a entrada para os 40 dias de jejum de preparação para a Páscoa, era quando as pessoas festejavam e cometiam os “pecados da carne”, que eram perdoados pela Igreja na quaresma.
O carnaval não faz parte da lista dos feriados obrigatórios previstos por lei em Portugal, mas é considerado ponto facultativo.
O carnaval de Torres Vedras, cidade de cerca de 80 mil habitantes, no distrito de Lisboa, é tido como o mais antigo de Portugal, com registros desde 1574, e mantém-se fiel às tradições do “entrudo”. Os desfiles contam com carros alegóricos; bonecos gigantes (como se vê no carnaval de Olinda, em Pernambuco); e as famosas “matrafonas”, homens fantasiados de mulher. Há também o rei e a rainha, que na verdade são dois homens, um deles vestido de mulher. A população participa em peso, aproveitando os dias de festa para se fantasiar e ocupar as ruas.
A principal brincadeira do carnaval de Torres Vedras consiste no arremesso de “cocotes”, pequenas bolas de seda atadas com uma fita e contendo restos de serradura e raspas de borracha. As festas atraem cerca de 350 mil visitantes durante os cinco dias e geram receitas de aproximadamente 10 milhões de euros para a economia local.
Na Madeira
Outro carnaval com forte expressividade em Portugal é o da Ilha da Madeira, de onde acredita-se que saiu a tradição que chegou ao Brasil colonial e deu origem ao nosso carnaval. O festejo, na ilha, conta com dois grandes cortejos: o alegórico e o trapalhão.
O alegórico acontece no sábado à noite e é mais sofisticado, com a participação de grupos organizados e figurantes. As ruas se enchem com milhares de participantes fantasiados, dançando ao som das bandas de samba. Já na terça-feira é a vez do cortejo “trapalhão”, que é mais informal e aberto a quem queira participar, com muita sátira popular e foliões curtindo livremente.
Mas as ruas da Madeira ficam em festa durante os cinco dias de carnaval e não apenas nos dias dos dois grandes cortejos. Sandra Jesus, da Associação de Animação Geringonça, criada há 30 anos para dar uma nova dinâmica à festividade, conta que o grupo ganhou este nome por representar uma maquinaria complexa. Ela conta que a Geringonça é a única trupe da Madeira que compõe, todos os anos, uma música original para os desfiles. O tema do carnaval este ano é “Reino da Fantasia”.
A trupe, que já conta com mais de 200 participantes, desfilará com fantasias inspiradas em animais como borboletas, pavões e leões. De acordo com Rúben Freitas, designer que criou as fantasias, a ideia é explorar o conceito de “faz-de-conta”, unindo elementos da natureza com influências dos bailes de época.
Loures
Outra cidade portuguesa que também festeja o carnaval com grande animação é Loures, que pertence ao distrito de Lisboa e tem cerca de 26 mil habitantes. A festa deste ano, segundo João Silva, presidente da Associação de Carnaval de Loures, terá o tema “Ai, ai, Portugal”, devido à crise econômica que os portugueses têm enfrentado nos últimos anos.
Silva explica que em Loures o carnaval é feito por grupos pequenos, que se reúnem durante todo o ano para organizar a festa e fazer as alegorias, as fantasias e os carros alegóricos. Ele explica que o carnaval de Loures já foi mais “abrasileirado” há alguns anos, com mini escolas de samba, baterias e alas, mas hoje já não é assim. São coletividades que se juntam para curtir o carnaval, inspirados pelo tema do ano.
O percurso do desfile tem aproximadamente 900 metros e conta com duas torres de som e um palco com banda ao vivo. “Tem músicas brasileiras, portuguesas, tradicionais de Loures e de Portugal”, afirma Silva.
A associação que ele preside conta com cerca de 30 pessoas e recebe patrocínio da Junta e da Câmara Municipal de Loures. Ao longo do ano, são feitos eventos para angariar fundos e bancar a confecção das fantasias e carros alegóricos. Os “figurantes”, que não são membros da associação mas participam da festa, também colaboram, pagando parte do valor dos trajes. A estimativa é de que Loures recebe, por ano, de 60 a 80 mil pessoas durante o carnaval.
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