Ideia surgiu há 100 anos e foi aprovada em 2003

O presidente Barack   inaugurou neste sábado o Nacional de História e Cultura Afro-Americana, em Washington. Na cerimônia de inauguração, cortou a fita e inaugurou o museu de 37 mil metros quadrados revestido em bronze, diante de milhares de pessoas.

“Além da suntuosidade do edifício, o que torna esta ocasião tão especial é a rica história que ele abriga”, disse Obama durante a cerimônia, da qual participaram personalidades como o cantor Stevie Wonder e a apresentadora de TV Oprah Winfrey.

“A história afro-americana não está separada da nossa grande história americana. Não é a parte inferior da história americana. É parte central da história americana”, expressou.

O museu foi concebido originalmente em 1915, quando veteranos da guerra civil americana buscavam uma maneira de homenagear a experiência dos afro-americanos no conflito.

A construção foi finalmente aprovada numa lei assinada pelo ex-presidente George W. Bush em 2003. O prédio tem uma localização privilegiada, próxima à Casa Branca e ao Monumento de Washington, e abriga 34 mil objetos, tendo sido quase a metade deles doados.

Tensão racial

A inauguração acontece em um contexto de forte tensão racial, enquanto cresce a indignação no país diante da morte de negros por policiais. O caso mais recente gerou protestos em  Charlotte, Carolina do Norte (sudeste).

Este é o primeiro museu nacional dedicado a documentar as verdades incômodas envolvendo a opressão sistemática sofrida pelos negros no país, ao mesmo tempo em que homenageia o papel da cultura afro-americana.

“Uma visão clara da história pode nos incomodar (…) mas é, precisamente, a partir deste incômodo que aprendemos e crescemos, e aproveitamos o poder coletivo para tornar esta nação perfeita”.

Eleito em meio a uma onda de otimismo, em 2008, Obama prometeu unificação, reiterando que não era presidente dos negros, e sim de todos os americanos. Mas seu mandato termina e as pesquisas mostram que a ampla maioria dos americanos vêem as relações inter-raciais como “em geral, ruins”.

Os tiroteios recentes em que negros foram mortos pelas polícias de Tulsa (Oklahoma, sudoeste) e Charlotte (Carolina do Norte, sudeste) voltaram a expor os problemas raciais do país. “Mesmo diante de dificuldades inimagináveis, os Estados Unidos avançaram. E este museu contextualiza os debates do nosso tempo.”

“Talvez possa ajudar um visitante branco a compreender o sofrimento e a indignação dos manifestantes em lugares como Ferguson e Charlotte”, assinalou.

O museu mostra “que este país, nascido da mudança, este país, nascido de uma revolução, este país, nosso, do povo, este país pode ser melhor”, disse o presidente.

“É um monumento, não menos importante do que os outros neste passeio, para o profundo e duradouro amor por este país e os ideais sobre os quais ele foi fundado. Porque nós também somos americanos”, assinalou.