Foi encontrada uma nova fossa comum com os restos de 23 homens da minoria yazid

Ao menos 27 pessoas morreram em ataques em Bagdá neste sábado, dia em que está previsto o levantamento do toque de recolher noturno em vigor na capital há anos. Bagdá parece estar a salvo de uma ofensiva dos jihadistas do EI, que se apoderaram de extensas zonas do território iraquiano, mas costuma ser palco de atentados, sobretudo contra a comunidade xiita e as forças de segurança.

Neste sábado, (07) o atentado mais sangrento foi registrado em um restaurante do bairro Bagdad al Jadida (leste) por volta das 11h00 locais (06h00 de Brasília). Um suicida detonou o cinturão de explosivos que carregava, deixando ao menos 22 mortos e quase 40 feridos. Outro ataque deixou ao menos cinco mortos e 13 feridos em um centro comercial no coração da capital iraquiana.

Apesar da frequência dos ataques em Bagdá, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al Abadi, ordenou o levantamento do toque de recolher noturno a partir deste sábado à meia-noite (19h00 de Brasília) para restabelecer na medida do possível a normalidade, apesar da guerra.

As cafeterias e restaurantes, que poderão permanecer abertos após a meia-noite, esperam uma atividade maior graças ao fim do toque de recolher, mas o ataque deste sábado tomou como alvo, simbolicamente, um deles. O toque de recolher havia sido instaurado para tentar frear a violência, que se intensificou consideravelmente em meados dos anos 2000. As horas variaram ao longo dos anos e nos últimos tempos estava em vigor da meia-noite às 05h00 locais.

Segundo um comunicado de seu gabinete, Abadi também ordenou a reabertura de ruas importantes da capital “para facilitar a circulação de cidadãos” e que os bairros de Azamiya e Kazimiya (norte) se tornem “zonas desmilitarizadas”. Os postos de controle do exército e da polícia em Bagdá provocam engarrafamentos, o que acaba irritando a população.

Fossa comum de yazidis

No norte e oeste do país, onde o exército e as forças curdas tentam se apoderar das zonas conquistadas pelos jihadistas do EI, foi encontrada uma nova fossa comum com os restos de 23 homens da minoria yazidi, informou o porta-voz do ministério dos Mártires da região autônoma do Curdistão iraquiano, Fuad Othman.

A fossa foi aberta na sexta-feira perto da aldeia de Bardiyan graças a informações fornecidas por um vizinho da zona, acrescentou o porta-voz. Othman declarou que as vítimas morreram baleadas e algumas estavam com as mãos atadas. No domingo passado, combatentes curdos encontraram os corpos de 25 yazidis (homens, mulheres e crianças) em uma fossa comum situada mais ao sul, no setor do Monte Sinjar, um reduto desta comunidade.

Segundo Othman, dezenas de corpos estão em outra fossa comum no setor de Hardan. A minoria yazidi foi alvo de atrocidades dos jihadistas, que executaram homens e sequestraram centenas ou milhares de mulheres, vendidas como esposas a seus combatentes ou convertidas em escravas sexuais, segundo a Anistia Internacional (AI). O grupo extremista cometeu muitas atrocidades nos territórios que controla no Iraque e na vizinha Síria.